quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Por dentro da Denominação de Origem do Vale dos Vinhedos


Muitos leitores vem me solicitando uma explicação melhor sobre o que seria a DO do Vale dos Vinhedos e, finalmente, cá estou escrevendo sobre este assunto.


Um pouco de história

Tudo começou há aproximados 16 anos atrás com a criação da Aprovale, a Associação dos Produtores de Vinhos Finos do Vale dos Vinhedos. Os membros fundadores da Aprovale são:

x Miolo;
x Don Laurindo;
x Casa Valduga;
x Vinícola Cordelier;
x Don Cândido;
x Vinhos 15 da Graciema.

O objetivo da Aprovale era, dentre outros, obter uma evolução qualitativa dos vinhos da região além de agregar valor aos seus produtos.

Em 1995, no início do projeto, contabilizando as vinícolas fundadora da Aprovale,
haviam pouco mais de uma dezena de cantinas no Vale dos Vinhedos, praticamente todas de pequeno porte. Não existia nenhum empreendimento de qualidade  estruturado para apoio à recepção de turistas.

Em 2011 o número de vinícola associadas a Aprovale subiu para 31. Elas respondem por 20% dos vinhos finos e 25% dos espumantes nacionais. Elaboram uma média anual entre 10 a 12 milhões de garrafas. O Enoturismo também cresceu, e muito. São 9 hotéis e pousadas, sendo um Hotel e SPA Internacional, 11 restaurantes, 2 cafés, 2 operadoras de turismo e muito mais. O número de visitantes ao Vale saltou de 45.000 em 2001 para 200.500 em 2011.

Antes da DO (Denominação de Origem), a Aprovale obteve o registro de indicação geográfica, isto em 2002. Esta IG gerou um selo que trouxe algumas vantagens, a saber:

x A origem, o método de produção e elaboração e a especificidade dos produtos, respeitando os requisitos técnicos de qualidade;

x A identificação e informações claras, através do selo da IG;

x Garantia de rastreabilidade dos produtos.

Em 2011 a Aprovale conseguiu a Denominação de Origem para os vinhos do Vale dos Vinhedos. Alguns pontos importantes:

x É a primeira DO de vinhos do Brasil;

x Produção e processamento na região delimitada do Vale dos Vinhedos;

x Apresenta regras de cultivo e de processamento mais específicas que as estabelecidas para a Indicação Geográfica;

x Busca destacar e valorizar a identidade dos vinhos elaborados no Vale dos Vinhedos.

Conhecendo melhor a DO do Vale dos Vinhedos

O Vale dos Vinhedos será a primeira região com classificação de Denominação de Origem (DO) de vinhos no país. Sua norma estabelece que toda a produção de uvas e o processamento da bebida seja realizada na região delimitada do Vale dos Vinhedos. A DO também apresenta regras de cultivo e de processamento mais restritas que as estabelecidas para a Indicação de Procedência (IP), em vigor até a obtenção do registro da DO, outorgado pelo INPI.

Cultivares autorizadas:


- Tintos: Merlot, como cultivar emblemática e Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc e Tannat como variedades auxiliares para corte de vinhos.
- Brancos: Chardonnay como cultivar principal e Riesling Itálico como variedade auxiliar para corte.
- Espumantes (brancos e rosados): Chardonnay e/ou Pinot Noir como variedades principais e Riesling Itálico como variedade auxiliar para corte.


Produtos autorizados:


- Varietal Merlot: Mínimo de 85% da variedade
- Assemblage Tinto: Mínimo de 60% de Merlot + corte com uso das demais variedades autorizadas
- Varietal Chardonnay: Mínimo de 85% da variedade
- Assemblage Branco: Mínimo de 60% de Chardonnay + corte com uso da Riesling Itálico
- Base Espumante: Mínimo de 60% de Chardonnay e/ou Pinot Noir. Elaboração somente pelo Método Tradicional


Limites de produtividade:


- Para uvas tintas: 10 toneladas/ha ou 2,5 kg de uva por planta
- Para uvas brancas: 10 toneladas/ha ou 3 kg de uva por planta
- Para uvas a serem utilizadas na elaboração de espumantes: 12 toneladas/ha ou 4 kg de uva por planta


Graduação alcoólica:


- Tintos: mínimo de 12%, em volume
- Brancos: mínimo de 11%, em volume
- Base espumante: máximo de 11,5%, em volume


Outras normas:


- O espumante será elaborado somente pelo “Método Tradicional”, com segunda fermetação em garrafa, que deverá constar no rótulo principal, nas classificações nature, extra-brut e brut.
- A chaptalização e a concentração dos mostos não serão permitidas. Em anos excepcionais o Conselho Regulador da Aprovale poderá permitir o enriquecimento em até um grau.
- Poderá haver a passagem dos vinhos por barris de carvalho, mas não serão autorizados “chips”e lascas ou pedaços de madeira.


Processo de rastreabilidade:


A Aprovale possui um Conselho Regulador responsável pelo regulamento da Indicação Geográfica do Vale dos Vinhedos. Cabe a este conselho fazer o controle e fiscalização dos padrões exigidos pela normativa da atual I.P. e da futura D.O. O Conselho Regulador mantém cadastro atualizado das vinícolas solicitantes da certificação e utiliza informações do Cadastro Vitícola do Ministério da Agricultura, coordenado pela Embrapa Uva e Vinho, para determinar a origem da matéria-prima.

Para controle da certificação são utilizadas as declarações de colheita de uva e de produtos elaborados, a partir das quais retira as amostras para análises físico-químicas, organolépticas e testemunhais. Estas amostras são lacradas e codificadas. Essa sistemática permite a rastreabilidade dos produtos.


Padrões de identidade:


Os produtos somente recebem o certificado após comprovada a origem da matéria-prima. 100% da uva deve ser procedente da área demarcada. Também precisam ser aprovados nas análises físico-químicas e na avaliação sensorial, realizada pelo Comitê de Degustação, composto por técnicos da Embrapa, técnicos de associados da Aprovale e da Associação Brasileira de Enologia.

Rotulagem:


- Os produtos engarrafados da D.O serão identificados no rótulo principal e no contra rótulo.
- Os vinhos tranqüilos poderão identificar a safra e a variedades.
- Os espumantes deverão utilizar a expressão “Método Tradicional”
- Para o contrarrótulo, além das informações estabelecidas pela legislação brasileira,  os espumantes poderão identificar as variedades utilizadas, o tempo de contato com as borras e o ano de “dégorgement”
- Será obrigatório o uso da numeração de controle sequencial


Identificação visual:





Parceiros no reconhecimento da IG e do registro da DO:

Embrapa Uva e Vinho
Embrapa Clima Temperado
Embrapa Florestas
IBRAVIN – Instituto Brasileiro do Vinho
ABE – Associação Brasileira de Enologia
UCS – Universidade de Caxias do Sul
UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul
SEBRAE
FAPERGS – Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado do RGS
FINEP - Financiadora de Projetos


3 comentários:

  1. Novamente parabéns pelo blog. Todos que gostam de vinho precisam (e devem) conhecer mais a respeito dos produtos nacionais. Já indiquei este post para vários amigos e conhecidos.
    Grande abraço.
    Roger
    MundoVitis

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    Respostas
    1. Oi Roger!

      Eu que agradeço sua visita por aqui. Realmente tem muita coisa boa sendo produzida em nosso país e a DO dos Vale dos Vinhedos é uma delas. TODOS os vinhos da DO são muito bons!!

      Abs,
      Gustavo

      Excluir
  2. Oi Roger!

    Eu que agradeço sua visita por aqui. Realmente tem muita coisa boa sendo produzida em nosso país e a DO dos Vale dos Vinhedos é uma delas. TODOS os vinhos da DO são muito bons!!

    Abs,
    Gustavo

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