Muitos
leitores vem me solicitando uma explicação melhor sobre o que seria a DO do
Vale dos Vinhedos e, finalmente, cá estou escrevendo sobre este assunto.
Um pouco de
história
Tudo
começou há aproximados 16 anos atrás com a criação da Aprovale, a Associação
dos Produtores de Vinhos Finos do Vale dos Vinhedos. Os membros fundadores da
Aprovale são:
x Miolo;
x Don
Laurindo;
x Casa
Valduga;
x Vinícola
Cordelier;
x Don
Cândido;
x Vinhos 15
da Graciema.
O objetivo
da Aprovale era, dentre outros, obter uma evolução qualitativa dos vinhos da
região além de agregar valor aos seus produtos.
Em 1995, no
início do projeto, contabilizando as vinícolas fundadora da Aprovale,
haviam pouco mais de uma dezena de
cantinas no Vale dos Vinhedos, praticamente todas de pequeno porte. Não existia
nenhum empreendimento de qualidade estruturado
para apoio à recepção de turistas.
Em 2011 o
número de vinícola associadas a Aprovale subiu para 31. Elas respondem por 20%
dos vinhos finos e 25% dos espumantes nacionais. Elaboram uma média anual entre
10 a 12 milhões de garrafas. O Enoturismo também cresceu, e muito. São 9 hotéis
e pousadas, sendo um Hotel e SPA Internacional, 11 restaurantes, 2 cafés, 2
operadoras de turismo e muito mais. O número de visitantes ao Vale saltou de
45.000 em 2001 para 200.500 em 2011.
Antes da DO
(Denominação de Origem), a Aprovale obteve o registro de indicação geográfica,
isto em 2002. Esta IG gerou um selo que trouxe algumas vantagens, a saber:
x A origem,
o método de produção e elaboração e a especificidade dos produtos, respeitando
os requisitos técnicos de qualidade;
x A
identificação e informações claras, através do selo da IG;
x Garantia
de rastreabilidade dos produtos.
Em 2011 a
Aprovale conseguiu a Denominação de Origem para os vinhos do Vale dos Vinhedos.
Alguns pontos importantes:
x É a
primeira DO de vinhos do Brasil;
x Produção
e processamento na região delimitada do Vale dos Vinhedos;
x Apresenta
regras de cultivo e de processamento mais específicas que as estabelecidas para
a Indicação Geográfica;
x Busca
destacar e valorizar a identidade dos vinhos elaborados no Vale dos Vinhedos.
Conhecendo
melhor a DO do Vale dos Vinhedos
O Vale dos
Vinhedos será a primeira região com classificação de Denominação de Origem (DO)
de vinhos no país. Sua norma estabelece que toda a produção de uvas e o
processamento da bebida seja realizada na região delimitada do Vale dos
Vinhedos. A DO também apresenta regras de cultivo e de processamento mais
restritas que as estabelecidas para a Indicação de Procedência (IP), em vigor
até a obtenção do registro da DO, outorgado pelo INPI.
Cultivares
autorizadas:
- Tintos:
Merlot, como cultivar emblemática e Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc e Tannat
como variedades auxiliares para corte de vinhos.
- Brancos: Chardonnay como cultivar principal e
Riesling Itálico como variedade auxiliar para corte.
- Espumantes (brancos e rosados): Chardonnay e/ou
Pinot Noir como variedades principais e Riesling Itálico como variedade
auxiliar para corte.
Produtos
autorizados:
- Varietal Merlot:
Mínimo de 85% da variedade
- Assemblage Tinto: Mínimo de 60% de Merlot +
corte com uso das demais variedades autorizadas
- Varietal Chardonnay: Mínimo de 85% da variedade
- Assemblage Branco: Mínimo de 60% de Chardonnay +
corte com uso da Riesling Itálico
- Base Espumante: Mínimo de 60% de Chardonnay e/ou
Pinot Noir. Elaboração somente pelo Método Tradicional
Limites
de produtividade:
- Para uvas
tintas: 10 toneladas/ha ou 2,5 kg de uva por planta
- Para uvas brancas: 10 toneladas/ha ou 3 kg de
uva por planta
- Para uvas a serem utilizadas na elaboração de
espumantes: 12 toneladas/ha ou 4 kg de uva por planta
Graduação
alcoólica:
- Tintos:
mínimo de 12%, em volume
- Brancos: mínimo de 11%, em volume
- Base espumante: máximo de 11,5%, em volume
Outras
normas:
- O espumante
será elaborado somente pelo “Método Tradicional”, com segunda fermetação em
garrafa, que deverá constar no rótulo principal, nas classificações nature,
extra-brut e brut.
- A chaptalização e a concentração dos mostos não
serão permitidas. Em anos excepcionais o Conselho Regulador da Aprovale poderá
permitir o enriquecimento em até um grau.
- Poderá haver a passagem dos vinhos por barris de
carvalho, mas não serão autorizados “chips”e lascas ou pedaços de madeira.
Processo
de rastreabilidade:
A Aprovale
possui um Conselho Regulador responsável pelo regulamento da Indicação
Geográfica do Vale dos Vinhedos. Cabe a este conselho fazer o controle e
fiscalização dos padrões exigidos pela normativa da atual I.P. e da futura D.O.
O Conselho Regulador mantém cadastro atualizado das vinícolas solicitantes da
certificação e utiliza informações do Cadastro Vitícola do Ministério da
Agricultura, coordenado pela Embrapa Uva e Vinho, para determinar a origem da
matéria-prima.
Para controle da certificação são utilizadas as
declarações de colheita de uva e de produtos elaborados, a partir das quais
retira as amostras para análises físico-químicas, organolépticas e
testemunhais. Estas amostras são lacradas e codificadas. Essa sistemática
permite a rastreabilidade dos produtos.
Padrões
de identidade:
Os produtos
somente recebem o certificado após comprovada a origem da matéria-prima. 100%
da uva deve ser procedente da área demarcada. Também precisam ser aprovados nas
análises físico-químicas e na avaliação sensorial, realizada pelo Comitê de
Degustação, composto por técnicos da Embrapa, técnicos de associados da
Aprovale e da Associação Brasileira de Enologia.
Rotulagem:
- Os produtos
engarrafados da D.O serão identificados no rótulo principal e no contra rótulo.
- Os vinhos tranqüilos poderão identificar a safra
e a variedades.
- Os espumantes deverão utilizar a expressão
“Método Tradicional”
- Para o contrarrótulo, além das informações
estabelecidas pela legislação brasileira, os espumantes poderão identificar
as variedades utilizadas, o tempo de contato com as borras e o ano de
“dégorgement”
- Será obrigatório o uso da numeração de controle
sequencial
Identificação visual:
Parceiros
no reconhecimento da IG e do registro da DO:
Embrapa Uva e Vinho
Embrapa Clima Temperado
Embrapa Florestas
IBRAVIN – Instituto Brasileiro do Vinho
ABE – Associação Brasileira de Enologia
UCS – Universidade de Caxias do Sul
UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul
SEBRAE
FAPERGS – Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado
do RGS
FINEP - Financiadora de Projetos
Novamente parabéns pelo blog. Todos que gostam de vinho precisam (e devem) conhecer mais a respeito dos produtos nacionais. Já indiquei este post para vários amigos e conhecidos.
ResponderExcluirGrande abraço.
Roger
MundoVitis
Oi Roger!
ExcluirEu que agradeço sua visita por aqui. Realmente tem muita coisa boa sendo produzida em nosso país e a DO dos Vale dos Vinhedos é uma delas. TODOS os vinhos da DO são muito bons!!
Abs,
Gustavo
Oi Roger!
ResponderExcluirEu que agradeço sua visita por aqui. Realmente tem muita coisa boa sendo produzida em nosso país e a DO dos Vale dos Vinhedos é uma delas. TODOS os vinhos da DO são muito bons!!
Abs,
Gustavo