A HISTÓRIA
O espumante natural forma parte da história do
Município de Garibaldi na Serra Gaúcha, já que em 1915 Armando Peterlongo
começou a elaboração do que seria o primeiro produzido no Brasil.
Anos depois outras vinícolas que chegaram
possibilitaram que marcas como Georges
Aubert, Chandon, De Gréville e Forestier transformassem Garibaldi no maior
produtor nacional.,
Na atualidade, numerosas vinícolas de pequeno e meio
porte, seguindo o exemplo e respeitando a vocação natural do Município, fazem
do espumante natural seu principal produto.
O espumante natural nasceu por acaso ao norte da França
na região de Champagne no século XVII.
As temperaturas baixas ao fim do verão dificultavam a
finalização da fermentação dos vinhos que eram, inadvertidamente, engarrafados
com resíduos de açúcares. Ao serem exportados, eram submetidos a temperaturas
mais altas e, em alguns casos, essa condição provocava reinício da fermentação
com formação de gás em grandes volumes. As garrafas, que não eram adaptadas a
pressão, explodiam preocupando os consumidores. Esses vinhos eram devolvidos a
Champagne por serem considerados “estragados”.
Ao longo do tempo os produtores, inclusive Dom
Perignon, tentaram sem êxito eliminar as
borbulhas porque desejavam produzir vinhos de qualidade a exemplo de sua
vizinha a Borgogne, situada logo abaixo. Isso explica o cultivo de variedades
como Chardonnay e Pinot Noir, uvas típicas da Borgogne, e a alta porcentagem de
castas tintas (75%) cultivadas na região.
Apesar desses esforços, esse produto “com gás perigoso” foi sendo conhecido, desenvolvido e apreciado
pelas cortes e a nobreza que reservavam para si boa parte de sua produção. Com
o passar do tempo ao ser conhecido como o “vinhos dos Reis”, ganhou prestigio e
admiração. Finalmente Champagne descobrira sua verdadeira vocação.
O espumante de Champagne ficou tão famoso e conhecido
que começou a ser elaborado em outros países da Europa e do Novo Mundo seguindo
as técnicas aplicadas na região de origem e identificado com o nome desta.
Com a abertura de mercados e criação do Mercado Comúm
Europeu e do Mercosul, foram criadas regras que impedem aos países membros o
uso de nomes e expressões que identifiquem produtos de outras regiões, e por
tal razão, ficou proibido o uso de palavras como champagne e cognac. A Espanha
adotou o nome Cava, Itália o nome Spumanti para identificar seus espumantes
naturais. O Brasil começou a identificar-los como Espumantes, nome adotado
rapidamente pelo mercado consumidor.
Garibaldi, na Serra Gaúcha, é o município onde o
espumante natural é o principal produto das vinícolas, em especial das pequenas
e médias. Uma clara demonstração da importância deste magnífico produto é o
desenvolvimento de projetos como a Rota dos Espumantes, as Microchampanharias e
o Consórcio de Produtores de Espumantes de Garibaldi - CPEG.
INSPIRADOR
Nenhuma bebida oferece tanta versatilidade,
subjetividade, sentimentos de alegria e confraternização como o espumante
natural. Nada fica igual com sua chegada.
Nenhum vinho prestou-se tanto à poesia, à arte a ao
exagero quando o espumante. Vejamos algumas manifestações de personalidades
mundiais:
Casanova, o lendário conquistador o considerava “Equipamento
essencial à sedução”.
Coco Chanel, a famosa estilista e criadora do império
Chanel o bebia somente e duas ocasiões: “Quando estou apaixonada e quando não
estou apaixonada”.
Patrick Forbes, grande historiador do champagne disse
preferi-lo “Às onze e meia da manhã quando meu paladar ainda esta puro e limpo”.
O dramaturgo, escritor e poeta irlandês Oscar Wilde
disse que “Só as pessoas sem imaginação não conseguem encontrar um motivo para
beber champagne”.
Finalmente, talvez a frase mais famosa pertença a Lily
Bollinger, viúva de Jacques Bollinger, que conseguiu desenvolver com maestria a
casa produtora de champagne durante a ocupação nazista. Ao ser questionada por
um jornalista ela disse:
“Eu bebo champagne quando estou alegre ou quando estou
triste. Algumas vezes bebo quando estou sozinha, mais quando estou acompanhada
o considero obrigatório. Eu me distraio com champagne quando estou sem fome ou
bebo quando estou faminta. Fora isso não toco nele, a não ser, é claro que
esteja com sede”.
O CONSÓRCIO
Algumas vinícolas de Garibaldi, procurando aprimorar a
qualidade de seus espumantes e ressaltar as características peculiares que o
clima e o solo do município proporcionam, decidiram juntar-se para estudar
caminhos a seguir.
Após numerosos encontros onde foram discutidas
alternativas como a criação de uma Indicação Geográfica de Procedência ou uma
Marca Coletiva, a conclusão final foi que esta última atendia melhor os
objetivos traçados.
Marca coletiva é
a marca que pode ser utilizada por todos os integrantes de uma determinada
associação, desde que cumpram os requisitos fixados nas normas constantes no
RAC - Regulamento de Avaliação de Conformidade.
De esta forma foi criada a Marca Coletiva Consórcio de Produtores de Espumantes de
Garibaldi - CPEG que pertence á entidade homônima fundada em 2007.
Garibaldi possui duas variáveis fundamentais para a
elaboração de espumantes de qualidade: excelentes clima e solo que proporcionam
condições excepcionais para o cultivo de uvas destinadas a esse fim e domínio
absoluto sobre a técnica de elaboração do vinho base, tomada de espuma e maturação. Ao final são
quase cem anos de tradição e experiência na produção de espumantes de qualidade,
seja pelo método tradicional conhecido como champenoise como pelo método
charmat.
O crescimento do mercado de espumantes no Brasil nos
últimos anos resultou no aumento da concorrência devido à entrada de numerosos
produtos elaborados por vinícolas da Serra e outras regiões.
Esse crescimento constante e consolidado do consumo de
espumantes nacionais é uma clara demonstração do alto conceito que esta
magnífica bebida possui junto aos apreciadores.
Com o objetivo de fazer frente a essa concorrência, um
pequeno grupo de produtores criou o Consórcio de Produtores de Espumantes de
Garibaldi - CPEG, com a missão de implementar um programa de estímulo à
qualidade. Para tal fim foi necessário criar mecanismos que assegurassem o uso
de uvas adequadas e a aplicação dos melhores procedimentos de elaboração de
espumantes..
Com a criação da Marca Coletiva, foi definido o
Regulamento de Avaliação de Conformidade - RAC que garante ao consumidor o cumprimento
das especificações nele fixadas. O Regulamento foi inspirado nas normas
vigentes em Regulamentos das regiões de Champagne, Cava, Asti e Prosecco.
Como a legislação brasileira de vinhos e espumantes é
muito genérica em relação às normas de elaboração, uvas permitidas e ciclos de
produção, era importante dispor de um documento técnico direcionado ao
aprimoramento da qualidade. Com este intuito foi criado o RAC.
O cumprimento do RAC, que habilitará o associado do
CPEG a usar os símbolos de certificação, será auditado por empresa externa
credenciada pelo INPI - Instituto Nacional de Propriedade Intelectual.
Entre os destaques do RAC é importante ressaltar:
- Somente serão certificados produtos de empresas que
tenham sede produtiva no município de Garibaldi por um dos métodos, charmat ou
tradicional.
- A adesão é voluntária. Quem adere assume o
compromisso de cumprir as exigências do RAC e abrir suas instalações para as
auditorias de controle.
- Os aderentes poderão solicitar a certificação de
produtos somente após a aprovação de suas instalações através de auditoria
específica. As instalações podem ser para um dos métodos ou ambos.
- Os lotes de produção serão auditados individualmente
e serão liberados desde que cumpram as exigências de procedimentos e prazos
exigidos para cada tipo e tenham sido submetidos às análises química e
organoléptica finais.
- As garrafas dos diferentes lotes serão devidamente
identificadas com os símbolos do CEPG aderido nelas onde constará nome do produtor,
tipo de espumante, método de elaboração, lote, número de unidades e numeração.
- Os espumantes elaborados pelo método tradicional
(champenoise) deverão ter um ciclo total de produção de pelo menos doze meses,
prazo idêntico ao utilizado em outras regiões produtoras do mundo.
- Aos produtores que aderirem ao Consórcio, não será
permitido o uso em seus rótulos e material de divulgação de expressões que
identifiquem regiões ou produtos específicos de outros países tais como
Champagne, Asti, Cava, etc.
- Os aderentes não poderão utilizar em outros produtos,
os rótulos que identificam os espumantes certificados de sua marca.
- É permitida a terceirização de serviços de um dos métodos autorizados desde que o produtor solicitante produza espumantes pelo outro método.
Fonte: CPEG
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