quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Entendendo a CPEG - Consórcio dos Produtores de Espumante de Garibaldi



A HISTÓRIA

O espumante natural forma parte da história do Município de Garibaldi na Serra Gaúcha, já que em 1915 Armando Peterlongo começou a elaboração do que seria o primeiro produzido no Brasil.

Anos depois outras vinícolas que chegaram possibilitaram que  marcas como Georges Aubert, Chandon, De Gréville e Forestier transformassem Garibaldi no maior produtor nacional., 

Na atualidade, numerosas vinícolas de pequeno e meio porte, seguindo o exemplo e respeitando a vocação natural do Município, fazem do espumante natural seu principal produto. 

O espumante natural nasceu por acaso ao norte da França na região de Champagne no século XVII.

As temperaturas baixas ao fim do verão dificultavam a finalização da fermentação dos vinhos que eram, inadvertidamente, engarrafados com resíduos de açúcares. Ao serem exportados, eram submetidos a temperaturas mais altas e, em alguns casos, essa condição provocava reinício da fermentação com formação de gás em grandes volumes. As garrafas, que não eram adaptadas a pressão, explodiam preocupando os consumidores. Esses vinhos eram devolvidos a Champagne por serem considerados “estragados”.

Ao longo do tempo os produtores, inclusive Dom Perignon,  tentaram sem êxito eliminar as borbulhas porque desejavam produzir vinhos de qualidade a exemplo de sua vizinha a Borgogne, situada logo abaixo. Isso explica o cultivo de variedades como Chardonnay e Pinot Noir, uvas típicas da Borgogne, e a alta porcentagem de castas tintas (75%) cultivadas na região.
Apesar desses esforços, esse produto “com gás perigoso”  foi sendo conhecido, desenvolvido e apreciado pelas cortes e a nobreza que reservavam para si boa parte de sua produção. Com o passar do tempo ao ser conhecido como o “vinhos dos Reis”, ganhou prestigio e admiração. Finalmente Champagne descobrira sua verdadeira vocação.

O espumante de Champagne ficou tão famoso e conhecido que começou a ser elaborado em outros países da Europa e do Novo Mundo seguindo as técnicas aplicadas na região de origem e identificado com o nome desta.

Com a abertura de mercados e criação do Mercado Comúm Europeu e do Mercosul, foram criadas regras que impedem aos países membros o uso de nomes e expressões que identifiquem produtos de outras regiões, e por tal razão, ficou proibido o uso de palavras como champagne e cognac. A Espanha adotou o nome Cava, Itália o nome Spumanti para identificar seus espumantes naturais. O Brasil começou a identificar-los como Espumantes, nome adotado rapidamente pelo mercado consumidor.

Garibaldi, na Serra Gaúcha, é o município onde o espumante natural é o principal produto das vinícolas, em especial das pequenas e médias. Uma clara demonstração da importância deste magnífico produto é o desenvolvimento de projetos como a Rota dos Espumantes, as Microchampanharias e o Consórcio de Produtores de Espumantes de Garibaldi - CPEG.

INSPIRADOR

Nenhuma bebida oferece tanta versatilidade, subjetividade, sentimentos de alegria e confraternização como o espumante natural. Nada fica igual com sua chegada.

Nenhum vinho prestou-se tanto à poesia, à arte a ao exagero quando o espumante. Vejamos algumas manifestações de personalidades mundiais:
Casanova, o lendário conquistador o considerava “Equipamento essencial à sedução”.

Coco Chanel, a famosa estilista e criadora do império Chanel o bebia somente e duas ocasiões: “Quando estou apaixonada e quando não estou apaixonada”.
Patrick Forbes, grande historiador do champagne disse preferi-lo “Às onze e meia da manhã quando meu paladar ainda esta puro e limpo”.

O dramaturgo, escritor e poeta irlandês Oscar Wilde disse que “Só as pessoas sem imaginação não conseguem encontrar um motivo para beber champagne”.
Finalmente, talvez a frase mais famosa pertença a Lily Bollinger, viúva de Jacques Bollinger, que conseguiu desenvolver com maestria a casa produtora de champagne durante a ocupação nazista. Ao ser questionada por um jornalista ela disse:

“Eu bebo champagne quando estou alegre ou quando estou triste. Algumas vezes bebo quando estou sozinha, mais quando estou acompanhada o considero obrigatório. Eu me distraio com champagne quando estou sem fome ou bebo quando estou faminta. Fora isso não toco nele, a não ser, é claro que esteja com sede”.

O CONSÓRCIO

Algumas vinícolas de Garibaldi, procurando aprimorar a qualidade de seus espumantes e ressaltar as características peculiares que o clima e o solo do município proporcionam, decidiram juntar-se para estudar caminhos a seguir.
Após numerosos encontros onde foram discutidas alternativas como a criação de uma Indicação Geográfica de Procedência ou uma Marca Coletiva, a conclusão final foi que esta última atendia melhor os objetivos traçados.

Marca coletiva é a marca que pode ser utilizada por todos os integrantes de uma determinada associação, desde que cumpram os requisitos fixados nas normas constantes no RAC - Regulamento de Avaliação de Conformidade.

De esta forma foi criada a Marca Coletiva Consórcio de Produtores de Espumantes de Garibaldi - CPEG que pertence á entidade homônima fundada em 2007.

Garibaldi possui duas variáveis fundamentais para a elaboração de espumantes de qualidade: excelentes clima e solo que proporcionam condições excepcionais para o cultivo de uvas destinadas a esse fim e domínio absoluto sobre a técnica de elaboração do vinho base,  tomada de espuma e maturação. Ao final são quase cem anos de tradição e experiência na produção de espumantes de qualidade, seja pelo método tradicional conhecido como champenoise como pelo método charmat.

O crescimento do mercado de espumantes no Brasil nos últimos anos resultou no aumento da concorrência devido à entrada de numerosos produtos elaborados por vinícolas da Serra e outras regiões.

Esse crescimento constante e consolidado do consumo de espumantes nacionais é uma clara demonstração do alto conceito que esta magnífica bebida possui junto aos apreciadores.

Com o objetivo de fazer frente a essa concorrência, um pequeno grupo de produtores criou o Consórcio de Produtores de Espumantes de Garibaldi - CPEG, com a missão de implementar um programa de estímulo à qualidade. Para tal fim foi necessário criar mecanismos que assegurassem o uso de uvas adequadas e a aplicação dos melhores procedimentos de elaboração de espumantes..

Com a criação da Marca Coletiva, foi definido o Regulamento de Avaliação de Conformidade - RAC que garante ao consumidor o cumprimento das especificações nele fixadas. O Regulamento foi inspirado nas normas vigentes em Regulamentos das regiões de Champagne, Cava, Asti e Prosecco.

Como a legislação brasileira de vinhos e espumantes é muito genérica em relação às normas de elaboração, uvas permitidas e ciclos de produção, era importante dispor de um documento técnico direcionado ao aprimoramento da qualidade. Com este intuito foi criado o RAC.

O cumprimento do RAC, que habilitará o associado do CPEG a usar os símbolos de certificação, será auditado por empresa externa credenciada pelo INPI - Instituto Nacional de Propriedade Intelectual.

Entre os destaques do RAC é importante ressaltar:

- Somente serão certificados produtos de empresas que tenham sede produtiva no município de Garibaldi por um dos métodos, charmat ou tradicional.

- A adesão é voluntária. Quem adere assume o compromisso de cumprir as exigências do RAC e abrir suas instalações para as auditorias de controle.

- Os aderentes poderão solicitar a certificação de produtos somente após a aprovação de suas instalações através de auditoria específica. As instalações podem ser para um dos métodos ou ambos.

- Os lotes de produção serão auditados individualmente e serão liberados desde que cumpram as exigências de procedimentos e prazos exigidos para cada tipo e tenham sido submetidos às análises química e organoléptica finais.

- As garrafas dos diferentes lotes serão devidamente identificadas com os símbolos do CEPG aderido nelas onde constará nome do produtor, tipo de espumante, método de elaboração, lote, número de unidades e numeração.

- Os espumantes elaborados pelo método tradicional (champenoise) deverão ter um ciclo total de produção de pelo menos doze meses, prazo idêntico ao utilizado em outras regiões produtoras do mundo.

- Aos produtores que aderirem ao Consórcio, não será permitido o uso em seus rótulos e material de divulgação de expressões que identifiquem regiões ou produtos específicos de outros países tais como Champagne, Asti, Cava, etc.

- Os aderentes não poderão utilizar em outros produtos, os rótulos que identificam os espumantes certificados de sua marca.


- É permitida a terceirização de serviços de um dos métodos autorizados desde que o produtor solicitante produza espumantes pelo outro método.



Fonte: CPEG

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