Não estamos falando de uma
substância química. Muito mais do que algo essencial à vida, falamos de uma
forma de viver. De um estilo de vida. De uma forma de apreciar tudo de maneira
diferente. Uma garrafa de água pode ser um pedaço de paraíso, permitindo-nos
fazer uma imensa e completa viagem por cada ponto deste planeta onde haja uma
gota de água pura, levando-nos a apreciar águas distintas de origens
geográficas múltiplas, sempre puríssimas, com características intrínsecas,
apropriadas aos mais diversos momentos e utilizações.
Este elemento que se
repete eternamente no seu ciclo, azulado e inodoro, mas não sem sabor – só que
pouco perceptível – cobre, para já e se tivermos cuidado, 71% da face da Terra.
É curioso que seja nessa mesma proporção que a água componha também o corpo
humano, garantindo o desenrolar de vários processos metabólicos fundamentais,
tais como a hidratação básica, a digestão e a solvência (neutralizando os
ácidos excedentes), a respiração (pela manutenção de uma reserva oxigenada
importante), ou a simples capacidade higienizadora e antibacteriana ou vírica.
Existem diferentes águas para diferentes efeitos. Não só para beber, a água é
honrada e venerada desde há milénios. Em Portugal, origem deste artigo, existe uma longuíssima
cultura de termas, muito anterior às famosas termas romanas. É aí que sentimos
toda a força das nossas típicas águas muito mineralizadas. E foi em torno
dessas fontes que muitos dos pontos turísticos portugueses criaram raízes. Aliás,
o ideal seria consumirmos as águas sempre na sua fonte ou no seu manancial de
origem. Mas tal nem sempre é possível e, além disso, a atividade de engarrafar
a água tornou-se demasiado conveniente, eficaz e organizada. Daí a oferta
atual do mercado, as mil e uma águas que estão ao seu dispor – concretamente
mais de três mil marcas em todo o mundo! –, que permitem usufruir de diferentes
valências, dos seus distintos sabores, dos seus discretos efeitos, das
características específicas dos locais onde cai do céu, ou de onde brota do
solo.
A diferente origem da água, o seu percurso geográfico, o tipo de subsolo
por onde passa e onde se mantém, para além dos locais em que emerge ou é
captada, criam os diferentes “blends” de elementos, minerais e gasosos, que
conferem à água específicas propriedades e sabores. Como e quando fazer uso
desses diferentes resultados é algo que pode descobrir por si – nada como fazer
uma prova de águas para perceber que não só têm um sabor diferenciado, como
também um peso, textura e corpo peculiares. Prove e comprove…
Águas de todo o mundo: 15 grandes marcas
Além dos gigantes que inicialmente
instigaram este mercado, como as marcas Vittel, Perrier ou Evian, pode hoje
encontrar uma diversidade inimaginável de marcas de água capazes de satisfazer
– mais do que a mera curiosidade – a exigência do “gourmet” conhecedor. Assim é
nos restaurantes de qualidade, que provavelmente irão evoluir para a presença
de “sommeliers” especializados em águas, enquanto as lojas “delicatessen” já incluem
um leque de escolhas raramente inferior a uma boa dúzia de marcas, quer de
Portugal quer do estrangeiro, e organizam provas exclusivas. E até os
supermercados garantem o acesso a uma opção criteriosa e diversificada, cada
vez mais distante do mero condicionamento do preço. A verdade é que a água
atingiu um patamar de estrelato entre os produtos “gourmet”. Vejamos alguns
bons exemplos:
ELSENHAM
Água riquíssima em minerais, particularmente cálcio e ferro, a britânica Elsenham apresenta-se numa elegantíssima garrafa que ronda o luxo, sendo especialmente benéfica para a densidade óssea. Mantida pela Natureza num lago subterrâneo com um raio de 300 metros que outrora esteve debaixo do mar, é uma das águas mais puras que se pode encontrar. Pode comprá-la nalgumas lojas “gourmet” e em Spas de muita qualidade. Custa 10,70 euros em Portugal.
FIJI
Atravessando o Pacífico até às ilhas Fiji, esta água é purificada pelos ventos. Aí, protegida pelas rochas vulcânicas, acumula uma específica mistura de minerais e de sólidos, no vale Viti Levu, longe de todos os outros continentes e da poluição, sendo engarrafada dentro do aquífero – na fonte –, assim evitando-se que tenha contacto com o meio ambiente, pois só volta a sentir a atmosfera quando é aberta para consumo. Trata-se da única água que Cameron Diaz e Tom Cruise dizem beber. E comprovando a sua exclusividade, dada a sua escassez, este ano ainda não foi colocada no mercado europeu. Custa 5 euros em Portugal. .
SAN PELLEGRINO
Rica em minerais, a San Pellegrino é uma água carbonada mineral engarrafada desde há 600 anos nas Termas de São Pelegrino, em Milão, proveniente de três fontes distintas que emergem a 22 graus. Após uma subida de 400 metros, desde a rocha vulcânica abaixo do solo onde se encontra, a San Pellegrino é posteriormente filtrada para que apresente um composto mineral equilibrado. Pode encontrá-la com facilidade em diversos pontos de venda e nalguns restaurantes.
CLOUD JUICE
Cerca de 400 vezes mais pura do que mandam os “standards” da Organização Mundial de Saúde, a Cloud Juice, tal como o nome indica, é pura água da chuva. Um litro de Cloud Juice contém cerca de 9.000 gotas de chuva caídas de nuvens que viajaram 11 mil quilómetros desde o grande mar do Sul até às verdes ilhas King, entre a Tâsmania e a costa sul da Austrália. Pode imaginar-se algo mais puro? Custa 6,25 euros em Portugal.
1Litr
Será difícil resistir à sedução da embalagem revolucionária da água 1Litre – que pode (e deve!) levar consigo, e que inclui um copo. Trata-se de uma água proveniente do coração do Canadá e que tem um equilíbrio mineral óptimo.
SAINT GEORGES
Se for particularmente sensível ao “design”, não lhe passará despercebida a nova garrafa “pet” da Saint Georges, desenhada por Phillip Stark a partir de uma antiga garrafa romana de remédio que o conceituado “designer” francês encontrou numa farmácia da Córsega. A tampa é preta, sugerindo a origem da água – a própria Córsega –, e trata-se de uma água levíssima, sem nitratos, proveniente de uma fonte granítica localizada a mais de mil metros acima do nível do mar.
GLACIAR
Embora em Portugal não vejamos, ainda, grandes projectos de “design” associados às embalagens de água, a verdade é que, falando da matéria-prima propriamente dita, temos alguns segredos bem guardados. É esse o caso da água Glaciar, proveniente da zona protegida do Parque Natural da Serra da Estrela, onde a poluição dificilmente chega, pois é captada a 1400 metros de altitude. Trata-se de uma das mais leves águas portuguesas, porque percorre especia ente rocha granítica, que lhe confere poucos sedimentos. Esta é baratinha, encontrada a 0,20 EUR na Europa.
MONCHIQUE
Mais a sul de Portugal, sob as termas ali existentes, é captada neste oásis algarvio de extraordinária beleza natural – a Serra de Monchique – uma água conhecida pelas suas propriedades medicinais, bicarbonatada, sódica e rica em flúor, elementos que lhe foram concedidos pelo contacto com sienitos, nefelinicos e xistos muscovianos. Brevemente, a água de Monchique vai surgir no mercado com uma embalagem “gourmet”. Outra que também é barata, por 1 EUR você compra um garrafão.
E no Brasil, será que esta moda pega? Quem sabe não pode ser um novo segmento de mercado a ser explorado? Quem viver verá!
Fonte: Essência do Vinho
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