segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Série Uvas – A Tinta Pinotage

Chegamos a mais uma tinta não tão conhecida. Uma uva que, salvo pequenas plantações na Nova Zelândia e nos Estados Unidos, é predominante na África do Sul. Já pensou se tivéssemos uma uva que só fosse plantada no Brasil? Pois é, este é o caso da Pinotage com a África do Sul.

A África do Sul vem crescendo absurdamente no mundo do vinho e, o que é melhor, com uma qualidade e tanto! Desde que o embargo comercial imposto aos produtos sul-africanos atingiu seu objetivo de acabar com o governo de apartheid em 1991, a África do Sul tem conseguido atrair interesse para seus vinhos. Enquanto a "onda" inicial com a série de grosseiros Pinotage, os "brutos" Cabernet Sauvignon e os fracos Chenin Blanc não era muito encorajadora, é muito interessante lembrar que no inicio dos anos 90 os winemakers sul-africanos ficaram alheios ao que acontecia pelo mundo durante décadas e foram considerados "fora-de-mercado".

Hoje a situação é muito mais positiva. Os recentes lançamentos são mais frescos, mais frutados e muito concentrados e os melhores produtores já competem à altura em concursos internacionais.

Vamos então conhecer um pouco mais esta uva?

As próximas 5 uvas que serão abordadas nesta série serão:

x Sauvignon Blanc;
x Malbec;
x Grenache;
x Viognier;
x Gamay.

In Vino Veritas!

Gustavo Kauffman (GK)

Série Uvas – A Tinta Pinotage

A Pinotage é um híbrido (que provém de duas espécies diferentes) de Pinot Noir e Cinsault, (conhecida na África do Sul com o nome de Hermitage), e tem seu nome proveniente da combinação das duas cepas. O responsável pelo cruzamento foi um investigador e professor de viticultura na Universidade de Stellenbosch, o Profesor A.I. Perold que em 1925 uniu as qualidades organolépticas da Pinot Noir com a notável produtividade e resistência da Cinsault. Para isso fecundou uma flor da casta Cinsault com pólen da Pinot Noir, originando a cepa que denominou “HermitagexPinot de Perold” . Os relatos da época dão conta o Profesor A.I. Perold, não demonstrou grande interesse em sua criação, só o fazendo 10 anos depois, quando a casta recebeu a denominação atual. Os primeiros vinhos elaborados com a Pinotage não foram bem aceitos, permanecendo no ostracismo até meados da década de cinqüenta, quando as degustações feitas com vinhos da casta começaram a mostrar suas possibilidades. O reconhecimento em âmbito internacional somente veio no principio dos anos noventa quando Beyers Truter, vinicultor apresentou os vinhos de Pinotage no concurso International Wine and Spirit Competition com tamanho êxito que foi eleito “Enólogo do Ano”, título concedido pela primeira vez a um sul-africano. A partir de então, a Pinotage foi anunciada como a possuidora do Santo Graal dos aromas da Pinot Noir da Borgonha bem como da elevada produtividade e fácil amadurecimento da Cinsault. Os anos seguintes vieram demonstrar que ela nunca se comportou nem como Pinot Noir nem tampouco como Cinsault. A Pinotage, na realidade, é uma uva de difícil trato, que pode originar vinhos de alta qualidade, porém que necessita de vinhas velhas, de baixa produtividade e de um manuseio cuidadoso na vinícola para conservar seus aromas mais selvagens e evitar os ésteres voláteis.

Os vinhos de Pinotage são de cor vermelho rubi intenso, profundos, límpidos e brilhantes. Os bons Pinotage têm aromas e sabores diferentes de qualquer outro tipo de vinho. Possuem delicioso caráter frutado de amoras, cassis e ameixas, além de notas florais muito características. Quando passam em barricas exibem notas de baunilha, chocolate ou especiarias. Os caldos de Pinotage têm dois problemas: o primeiro é que se torna extremamente difícil obter todos os aromas e ao mesmo tempo controlar seus taninos, sabidamente muito agressivos. O segundo, é que os aromas genuinamente individuais podem sofrer transformações importantes se a vinificação não for feita de forma correta.
Os vinhos de Pinotage, no entanto, podem mostram-se aveludados, sedosos, voluptuosos, luxuriantes e sedutores. E de forma contrária, também, podem ser rústicos, instigantes, controversos e muito pouco cativantes. Para melhor entendê-los é fundamental conhecê-los.

Críticas

Apesar da reputação de fácil cultivo, a uva Pinotage não escapou das críticas. Uma queixa comum é a tendência a desenvolver acetato de isoamila durante a vinificação que leva a uma pungência doce, que muitas vezes cheira a tinta. Um grupo inglês de “Master of Wines” foi visitar a África do Sul em 1976 e não se impressionaram com a Pinotage, chamando o exame olfativo de "quente e horrível" e comparando o gosto com "pregos enferrujados".

Ao longo de sua história, a uva tem visto suas plantações em ascensão e queda, devido à forma atual da indústria do vinho Sul-Africano. No início de 1990, com o término do Apartheid e o mercado do vinho do mundo em total ascensão, as vinícolas da África do Sul ignoraram um pouco as plantações de Pinotage em favor das variedades mais reconhecidas internacionalmente, como Shiraz e Cabernet Sauvignon. No final do século 20, a Pinotage começou a ser mais amplamente utilizada e a fazer fama em todo mundo.Em 1997 passou a ter preços mais elevados do que qualquer outra uva Sul Africana. Apesar disso, ainda há um segmento de enólogos Sul-Africano, como André van Rensburg de Vergelegen, que acreditam que Pinotage não tem lugar em um vinhedo.

Oz Clarke sugeriu que parte do desdém de alguns produtores Sul Africanos "para a Pinotage decorre do fato de que é distintamente um Novo Mundo do vinho, embora a tendência para o vinho Sul Africano é refletir influências e sabores mais europeus. Apesar de ser um cruzamento de uma uva de Borgonha e Rhône, a Pinotage não reflete nenhum dos sabores de um vinho francês. Embora não seja uma crítica em si, fora de pequenas plantações mais notadamente na Nova Zelândia e os Estados Unidos, a Pinotage ainda tem que desenvolver uma presença significativa em qualquer outra região vinícola do mundo. No início do século 21, vários dos maiores produtores da África do Sul voltaram a ter foco mais predominantemente na Pinotage.

 

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