terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Decantação: Uma técnica que precisa ser aprendida e utilizada



Há uma cerimónia simples e eficaz que se realiza antes de se servir um verdadeiro e irresistível néctar dos deuses – chama-se decantar o vinho. Com um acessório muito próprio, é feito por três importantes motivos, um dos quais, potenciar a sua degustação!

Eu, particularmente, decanto praticamente todas as garrafas que abro. O vinho precisa respirar um pouco, descansar, se ambientar e se energizar após ser aberto. Sem contar que o ritual é delicioso!

Quais os motivos para decantar um vinho?

O ato de decantar implica, simplesmente, em passar o vinho da sua garrafa original para um recipiente (de cristal ou vidro), designado como decanter ou decantador. Por norma, a decantação é feita exclusivamente aos vinhos tintos e beneficia-os de duas formas: elimina as borras acumuladas, especialmente em vinhos velhos que estão engarrafados há vários anos, e permite que o vinho “respire”, ou seja, a oxigenação permite a total libertação dos aromas contidos numa garrafa, um processo que contribui de forma positiva para o seu paladar.

Decantar vinho tinto jovem

O processo de decantação varia conforme o vinho em questão, ou seja, depende se se trata de um vinho velho ou jovem. No caso, dos néctares mais jovens, a decantação permite suavizar os taninos presentes no vinho e que normalmente são ásperos, secos e adstringentes. A decantação ajuda também a amenizar quando o álcool está um pouco em excesso. Geralmente, estes vinhos apresentam elevados níveis de acidez porque ainda não tiveram tempo de amadurecer, o que significa que necessitam de “respirar” durante uma ou duas horas. Transfira o conteúdo da garrafa para o decantador num gesto único e contínuo. A etiqueta diz que se deve colocar a garrafa vazia ao lado do decantador para que todos possam identificar o vinho que irão ou que estão a provar. Aqui eu tenho um outro hábito que, claro, é totalmente particular. Após o período de decantação eu costumo devolver o vinho para sua garrafa original e servi-lo nela mesmo!

Decantar vinho tinto velho

Tenha o cuidado de colocar a garrafa na posição vertical um ou dois dias antes de ser consumida, assim, todos os depósitos irão concentrar-se no fundo. A decantação deve ser efetuada cerca de meia hora antes do vinho ser servido, isto porque no caso dos vinhos antigos, a decantação acelera a evaporação dos aromas. Uma “respiração” curta é o suficiente para libertar e, consequentemente, “abrir” o bouquet depois de tantos anos “fechado” e sem respirar! Uma vez aberta a garrafa, limpe o gargalo para retirar qualquer resíduo e comece a verter o vinho para o decantador. Coloque uma vela acesa ou um pequeno foco junto do gargalho, utilizando esta fonte de luz para se certificar que não irá transferir borras para o decantador. Transfira tudo de uma só vez, parando apenas quando aparecerem os primeiros resíduos no gargalo. Coloque o decantador e a garrafa original juntos na mesa.

Algumas outras dicas

x Não é obrigatório decantar cada garrafa de vinho que abrir, no entanto, é muito aconselhado quando se saiba, de antemão, que esse néctar contém partículas depositadas – ao mais pequeno movimento, o vinho puro vai misturar-se com a borra;

x Abrir a garrafa e retirar a rolha não permite a respiração adequada do vinho, uma vez que apenas o líquido que se encontra próximo do gargalo é que está, efetivamente, em contato com o ar;

x No caso de se esquecer, ou por falta de tempo, recorra a esta técnica de decantação rápida: coloque um pano branco e fino ou um simples guardanapo de papel sobre a abertura do decantador e verta o vinho através do mesmo, parando quando surgirem os primeiros sinais de borra;

x Se (ainda!) não tiver um decantador, utilize outro recipiente para o processo de decantação e, no final, reintroduza o vinho na sua garrafa original com recurso a um funil. No meu caso, mesmo com o decantador, eu gosto de devolver o vinho a sua morada original.

x Um vinho de qualidade vai continuar a desenvolver e a libertar-se dentro do próprio copo, por isso, um brinde e boa degustação…

In Vino Veritas!

Gustavo Kauffman (GK)

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