Mais um ícone chileno aqui no Enoleigos, este vinhaço biodinâmico da Emiliana. Degustamos este vinho na Confraria dos Bomfim quando o tema foi Chile. Deste dia já postei aqui no Enoleigos o, sem sombra de dúvidas, maior ícone chileno, o delicioso Almaviva, em sua safra de 2007.
Ontem, no Domingo, publiquei aqui no Enoleigos um artigo sobre o que são vinhos biodinâmicos. Quem ainda não conhece vale muito a pena passar pelo artigo. É um conceito relativamente novo e muito interessante.
Rafael e José Guilisasti eram visionários na década de 1990, quando viram que o mercado estava começando a mudar e que os consumidores em todo o mundo estão se tornando mais conscientes dos produtos que estavam consumindo, não só por razões de saúde, mas também no que diz respeito às suas consequências sociais e impactos ambientais.
Por conseguinte, pediram ao consultor em vinificação Álvaro Espinoza a se juntar a eles no processo de conversão de uma vinícola chilena convencional em uma que fosse 100% de vinhos orgânicos e biodinâmicos com o firme objetivo de criar vinhos de alta qualidade com grande respeito pela natureza.
Agora, após mais de uma década, o que começou como um sonho tornou-se um completo portfólio de vinhos apoiados pelos principais prêmios nacionais e internacionais de reconhecimento e que atendam às novas necessidades dos consumidores de hoje.
Todo o trabalho feito em Emiliana se concentra em um único conceito: Excelência. Esta baseia-se na harmonia entre a máxima qualidade dos seus vinhos e respeito ao meio ambiente e seu povo.
No Emiliana é essencial respeitar três princípios básicos da biodinâmica, a ciência desenvolvida a partir do pensamento de filósofo austro-húngaro Rudolf Steiner (1861-1925):
1. A terra é um ser vivo com um saldo natural que deve ser mantida, encerrando seus ciclos de nutrientes dentro da mesma fazenda e minimizando os elementos externos que entram no sistema. Em outras palavras, a intervenção humana não deve alterar o equilíbrio natural da fazenda biológica, mas sim conservar o equilíbrio existente.
2. As plantas são expostas à luz do sol, a lua e aos planetas, que têm ciclos regulares e ritmos. No Emiliana reconhecemos estes ciclos e suas influências e usamos o "calendário biodinâmico" para o nosso variado programa de atividades agrícolas e outras tarefas para obter frutos de melhor qualidade e maior qualidade dos nossos vinhos.
3. Devemos incentivar as ligações entre o animal, vegetal, mineral e reinos usando preparados biodinâmicos homeopáticos.
Na Emiliana usa-se preparados biodinâmicos feitos a partir de elementos orgânicos e minerais em momentos específicos do ano para energizar e revitalizar a terra, composto, e plantas.
Há nove preparados biodinâmicos (BD 500-508) utilizados para atrair as forças cósmicas e da energia animal:
500 estrume Horn
501 sílica ou quartzo
502 flores Yarrow ( Achillea millefolium )
503 flores de camomila ( Chamomilla recutita )
504 picando urtiga ( Urtica dioica )
505 casca de carvalho ( Quercus pedunculata )
506 Dandelion flores ( officinate Taraxacum )
507 flores de valeriana ( Valeriana officinate )
508 planta Cavalinha ( Equisetum officinate )
Como falamos no início deste Post, ontem publicamos um artigo falando sobre vinhos biodinâmicos. É um conceito muito interessante e seguido a risca pela Emiliana!
Vamos então ao que achei deste vinho:
Visual: Garrafa imponente, daquelas pesadonas, típicas dos vinhos top da américa do sul. Rótulo bonito, deixando claro que é um vinho produzido com uvas biodinâmicas. Ah, vale dizer que “Gê” vem do grego e quer dizer “Terra”. A rolha também chama a atenção pois, apesar de ser de cortiça de qualidade, não possui nada escrito nela. Ao servir na taça vemos uma coloração violeta bem escura e turva, com alguns reflexos violáceos na taça mostrando que o vinho evoluiria mais em garrafa.
Olfato: Bastante complexo e com um pouco de álcool sobrando, o que melhora sensivelmente com um tempo maior na taça. Este vinho pede um bom tempo de decanter, no mínimo 1 hora! A medida que vai se abrindo, continua mostrando toda sua potência e sugerindo aromas de amora, ameixas secas, figo e um toque ao final de fumaça e tabaco. Bem interessante.
Paladar: A complexidade e potência continuam bem presentes, um vinho musculoso e aveludado. As sensações das frutas invadem a boca, o toque de tabaco e fumaça harmonizam bem com o conjunto. Taninos presentes e potentes, acidez também. Um vinho que, sem sombra de dúvidas, melhoraria com mais uns 2 ou 3 anos na garrafa. Está pronto, delicioso, mas evolui e pode melhorar ainda mais.
O que a Emiliana fala sobre seu vinho premium:
Ageing: 100% in French oak barrels, for 15 months.
Climate: Average temperature of 22ºC and low rainfall (600 mm per year). During summer, this valley presents high temperature range, having low temperature at night.
Soil: Alluvial, medium-high depth soil, uniform loamy-muddy texture. Good drainage, moderate permeability and high fertility.
Tasting Notes: This wine presents an intense violet-tinged plum-red color. The elegant nose expresses a harmony of ripe black fruit, black currant, berries, and forest fruits delicately melded with the oak, which lends soft mineral notes, toffee, and chocolate. The palate features soft, well-rounded tannins, and a long finish full of character and personality. Recommended for cellaring.
O que diz a Wine Spectator sobre o Gê:
Score: 93
Notes:
Impressively rich, with loads of blueberry compote, braised fig, graphite and roasted earth notes waiting to emerge fully from behind the wall of dark, spice-laden toast. There's great buried acidity and a long, grip-filled finish. Loaded with character, this is built for the cellar. Syrah, Carmenère, Cabernet Sauvignon and Merlot. Best from 2010 through 2013. 300 cases made. –JM
O que diz a Wine Advocate, de Robert Parker, sobre este biodinâmico:
Rating: 92
Reviewer: Jay Miller
Drink: 2012 – 2020
Notes:
The 2005 GE is 30% Syrah, 30% Carmenere, 24% Cabernet Sauvignon, and 16% Merlot. It, too, was produced from biodynamically farmed grapes from the winery’s Los Robles estate. Purple-colored, it has an alluring nose of pain grille, scorched earth, spice box, black currant, blackberry, and blueberry. This leads to a medium to full-bodied wine with layers of savory flavor, succulent fruit, and enough structure to evolve for 3-4 years. With excellent concentration, depth, and balance, it should drink well from 2012 to 2020.
Um vinhaço que eu adorei conhecer! Só acho que o preço que ele chega aqui no Brasil o torna um objeto de desejo para poucos. Achei para venda em apenas uma loja, ao preço de R$370,00!! Nos Estados Unidos, segundo a Wine Spectator e a Wine Advocate, é vendido na faixa dos USD90,00.
E você? Já experimentou este vinho?
In Vino Veritas!
Gustavo Kauffman (GK)
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