Depois de um largo e tenebroso inverno, volto a escrever uma receita aqui no Enoleigos. Não que eu não tenha cozinhado, não é isto, o que faltou mesmo foi tempo para registrar tudo e trazer aqui para vocês.
Hoje trago uma receita que sou vidrado e com um nome, para nós brasileiros, no mínimo curioso! No carnaval recebi um casal de amigos em casa e o pai de um deles é Português. Comentei que ia utilizar a brasa da churrasqueira para fazer a Punheta. Ele, que já mora no Brasil há décadas, se surpreendeu e comentou: “-Nossa, este nome é tão comum em Portugal! Já aqui no Brasil é a primeira vez que escuto.”. Experimentei pela primeira vez a Punheta na casa do meu amado tio Renato Faria, um gourmet de mão cheia, com quem aprendo muito!!! A Receita foi passada a ele por um português "legítimo"! rs.
O nome é engraçado e suas origens são as mais humildes possíveis. Mas, já à primeira garfada dá para entender por que esse prato resistiu por séculos a fio.
Diz a história que esse prato nasceu do resultado dos poucos ingredientes da mesa medieval. Como os viajantes da época, em algumas regiões, não tinham à disposição muitos recursos além de peixe seco e um outro legume esporádico, a combinação do bacalhau desfiado com cebola e itens opcionais como alho picado, tomate e azeitonas era refeição das mais corriqueiras.
Com o tempo, Portugal “adotou” a punheta, e foi responsável por divulgá-la para o resto do mundo.
A receita que passarei a todos está um pouco modificada da original já que levo o bacalhau na brasa. Isto, na minha opinião, apura o sabor e, claro, auxilia na tarefa de desfiar o bacalhau. Vamos experimentar?
Ingredientes
x 1 Kg de Bacalhau em postas;
x 3 Cebolas grandas cortadas em rodelas finas;
x Azeite o quanto baste (aprox. 500ml).
Como fazer
1) Dessalgue o bacalhau. Vale ter um cuidado! O bacalhau deve ser dessalgado, mas ficar a ponto de cozimento, ou seja, com o sal na medida certa;
2) Leve as postas do bacalhau com a pele para baixo para a churrasqueira em meia altura;
3) Aos poucos o bacalhau começará a “desfolhar” como que deixando sair coroas. Vá tirando as coroas e reservando.;
4) Cuidado para não deixar queimar. Quando não conseguir “desfolhar” mais, retire da churrasqueira e reserve;
5) Retire a pele e as espinhas do bacalhau e desfie o máximo que puder;
6) Em uma travessa faça uma camada de cebola. Em cima coloque uma com o bacalhau desfiado. Siga criando camadas até que os ingredientes acabem;
7) Procure deixar o bacalhau e a cebola bem comprimidos;
8) Ao terminar de criar as camadas regue o azeite até cobrir;
9) Deixe na parte mais baixa da geladeira curtindo por 48h.
A Punheta pronta para ir a geladeira |
Pronta para ser deliciada |
Duas dicas fundamentais!!! O bacalhau e o azeite utilizados devem ser de boa qualidade. Para o Bacalhau sugiro Porto ou Noruega. Já para o azeite eu utilizei o Herdade do Esporão Extra Virgem.
Após pronta, pode ser servida com pão ou então com uma bela salada.
Experimentem e me digam o que acharam! O prato não é muito pesado. Um vinho branco com passagem em madeira ou então um tinto leve harmonizarão muito bem.
Um Abraço,
Gustavo Kauffman
Olá Gustavo.
ResponderExcluirSou Português e quero dar-lhe os parabéns pela receita e por transmitir uma receita bem portuguesa para os nossos "fellows" Brasileiros.
O problema é que a receita que o Gustavo fez, é uma outra das 1000 receitas de bacalhau que existem cá e é mais parecida com o Bacalhau à Gomes de Sá, do que propriamente com a Punheta (que tem de ser feita invariavelmente com bacalhau cru - só demolhado).
No entanto parabéns pela receita e pelo bom gosto ;).
Cumprimentos
Luis
Luís Fontão! Mas o bacalhau da receita não foi ao fogo. Creio que o "ponto de cozimento" foi somente para fazer referência ao sal.
ResponderExcluirAbraço.
Luís Fontão e M4R, peço sinceras desculpas pela demora em responder. Tive alguns problemas técnicos com os comentários aqui no blog.
ResponderExcluirRealmente a Punheta deve ser feita com o bacalhau cru, diferente do que postei em minha receita. O bacalhau foi ao fogo sim, mas na brasa da churrasqueira.
O fato é que a mistura com a cebola e o azeite ficou espetacular! rs.
Um Abraço e obrigado pela visita,
Gustavo