quinta-feira, 21 de julho de 2011

Conheça o Terroir alemão!! Os Enólogos da ABE tiveram uma degustação e foram inundados de informação.



A Associação Brasileira de Enologia (ABE) realizou sua 44ª Sessão de Degustação, um evento que tem a finalidade de oportunizar aos enólogos conhecer vinhos e espumantes de diferentes procedências. O encontro aconteceu no dia 15 de julho, às 19h, no Laboratório de Análise Sensorial da Embrapa Uva e Vinho, em Bento Gonçalves, quando serão degustados sete vinhos alemães sob a condução da enóloga Bruna Cristofoli (http://www.vinhoscristofoli.com.br/).

Conheci a Bruna Cristofoli em minha última estada nas Serras Gaúchas. Em primeira mão vocês podem ver algumas fotos da Cristofoli aonde, dentre outras coisas, a Bruna oferece um serviço de degustação em cima do Edredon no meio dos parreirais. Ela faz parte da nova geração de Enólogos que está revolucionando o Vinho Brasileiro.

A Bruna esteve alguns meses fazendo um estágio na Alemanha e conheceu delícias que normalmente não chegam ao consumidor Brasileiro ou, se chegam, não são levadas a sério. O advento do “Vinho da Garrafa Azul” deixou os vinhos alemães com uma má reputação o que, acreditem, está totalmente equivocada.

Com a ajuda da Bruna consegui algumas informações sobre os vinhos deste nobre país. Informações que foram utilizadas durante a degustação conduzida por ela na ABE. Não vou entrar em todos os ricos detalhes abordados por ela, mas achei interessante trazer algumas informações para vocês.

Conhecendo um pouco do Vinho Alemão


Um primeiro dado que impressiona é o consumo per capita deste país. Os alemães consomem uma média de 25,3 litros de vinhos por ano, contra os apenas 1,7 que nós temos aqui no Brasil e este 1,7 inclui os chamados vinhos de mesa, ou seja, aqueles que são produzidos com uvas não viti-viníferas. O consumo alemão é praticamente 15 vezes maior que o nosso!

O vinho chegou na Alemanha através dos Romanos nos Vales do Reno e do Mosel. No século XVI os números do vinho impressionam. Os alemães tinham 300.000 ha plantados (3x mais do que hoje) e o consumo, que hoje é de 25,3, era de 120 litros!!! Ouso dizer que quase não se bebia água! Com a filoxera, praga que devastou vinhedos por toda a Europa, 2/3 dos vinhedos foram devastados. Em 1960 um novo movimento acontece aumentando a quantidade, mas sem muita consideração com a qualidade do vinho. Já em 1990, o vinho alemão volta a ter uma forte melhora em sua qualidade.

Com terroirs variados, as sessões de degustação são a prova de que a ABE, além de promover a evolução da qualidade dos vinhos brasileiros através da realização de diversas atividades e eventos, também se preocupa em conhecer vinhos de diferentes procedências. Para facilitar o acesso dos enólogos associados a estes produtos, sem a necessidade de se deslocar a outros países e de adquirir esses vinhos individualmente, a entidade promove estes encontros, oportunizando o debate.

As Uvas Alemães


A uva mais plantada por lá é uma conhecida de muitos por aqui, a Riesling com 20% do plantio total do país. Já as que seguem as Riesling já não são tão conhecidas. O segundo lugar fica com a Müller-Thurgau, quase que empatada com a Riesling com os seus 18% e o terceiro com a Spätburgunder e 9,5% do plantio.

Spätburgunder

x Spät: significa tardio. Burgunder é a Pinot, ou seja, é um Pinot tardio.
x Terceiro maior produtor de Pinot Noir do mundo.
x Sensível ao clima – necessita de calor não intenso para amadurecer.
x Estilo tradicional: mais leve em corpo, cor taninos que os de climas mais quentes.
x 11,5% da área de plantação da Alemanha.
x Maiores áreas: Kaiserstuhl (Baden) e mais da metade das plantações de Ahr.

Riesling

x A mais nobre.
x Resistente à geada.
x Tardia – metade de outubro.
x Proporciona vinhos de alta acidez - longevidade, muito distintos no aroma e gosto.
x 1/5 das plantações.

Decodificação dos Rótulos Alemães

Realmente uma tarefa nada fácil! Mas, graças a Bruna, agora todos podem entender o que se encontra em um rótulo alemão!

Tafelwein: Vinho de Mesa – chaptalização permitida.
Landwein: Vinho Regional – chaptalização permitida.
Qualitätswein bestimmter Anbaugebiette (QbA): “Vinho de Qualidade Produzido em Região Demarcada” – chaptalização permitida.
Qualitätswein mit Prädikat (QmP): “Vinho de Qualidade com Predicado” – Chaptalização proibida.
Kabinett: baixa graduação alcoólica natural.
Spätlese: “Vindima tardia”.
x Auslese: “Colheita selecionada”.
Beerenauslese: “Cachos de uva selecionados” – vinho doce, efeito da Botrytis cinerea.
Trockenbeerenauslese: “Bagas secas selecionadas” – vinho doce elaborado somente com as bagas secas pela Botrytis cinerea.
Eiswein: “Vinho do gelo”, colheita a mín -7°C, uvas prensadas congeladas. Vinho doce natural.
Amtliche Prüfnummer (AP-Nr): “Número Oficial de Qualidade”.
Erzeugerabfüllung: “Engarrafado na produção”.
Abfüller: “Engarrafado por”
Trocken: “Seco”.
x Halbtrocken: “Meio-seco”
Sü ou Lieblich: “Doce”.

Agora que todos já conhecem um pouco mais sobre os vinhos alemães, convido vocês a experimentarem. Afinal de contas uma das coisas mais fascinantes do mundo do vinho é saber que, por mais que conheçamos uma infinidade de rótulos e regiões, sempre haverá outra infinidade a ser descoberta!

In Vino Veritas!

Gustavo Kauffman (GK)

PS: As fotos utilizadas aqui são da própria Bruna Cristofoli e foram feitas durante sua estada na Alemanha.


 

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