Adquiri este vinho em minha última estada nas Serras Gaúchas. Ele foi recomendado pela atenciosa consultora de vinhos do Restaurante Canta Maria. Um dos pontos que mais me chamou a atenção foi o fato de ser produzido com uvas de maturação prolongada. Não chegam a ser as uvas passificadas, utilizadas na produção do Amarone, pois amadurem no próprio pé, mas o resultado final costuma ser bem interessante.
A Villa Bari reúne em seus vinhos a tradição do cultivo de uvas herdada dos imigrantes italianos, aliada a atual tecnologia de produção da Valpolicella.
O vinhedo é cultivado nas colinas de Porto Alegre, na Vila Nova, região de clima subtropical e de solo rico em minerais de origem granítica. As videiras foram plantadas na melhor posição solar e ancoradas por colunas de granito rosa esculpidas por artesãos locais.
Os vinhos são produzidos artesanalmente, em quantidade limitada, com uvas Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, Merlot , Tannat e Chardonnay.
A Agrovinícola Barichello só trabalha com vinhedos próprios de CabernetSauvignon, CabernetFranc, Merlot, Tannat e Chardonnay.
São 4 hectares de uvas conduzidas em espaldeira, ancoradas em pilares de granito rosa esculpidos por artesãos da região, que são parte dos jardins da propriedade, esteticamente entrelaçados com obras de arte também escultores locais.
O vinhedo é irrigado com águas minerais da propriedade, o solo é leve, rico em arenito com teores médios de matéria orgânica. São feitos tratamentos somente com produtos com registro para cultura e quando verificada a necessidade, orientados por agrônomo e enólogo. Não são usados secantes para o controle do verde. A poda é mista, com poda verde e desfolha para assegurar a qualidade das uvas e fortalecer a videira.
Toda a colheita é manual e feita nas primeiras horas da manhã.
Interessante, não? Pois é, a imensidão de possibilidades dentro do mundo do vinho sempre me fascina, ainda mais quando é em nosso próprio país! Interessante citar que a composição do Gran Rosso variou nas duas safras que tenho conhecimento. A de 2005 foi fabricada com as uvas Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc e Merlot. A de 2006, que vou provar em breve, teve em seu corte 50% de Merlot e 50% de Cabernet Sauvignon.
Vamos ao que achei deste intrigante vinho:
Visual: Garrafa simples que chama a atenção em dois pontos. Não possui a safra no rótulo e possui uma espécie de selo com os dizeres “Com uvas de maturação prolongada”. A rolha é de compensado de cortiça e personalizada para a Villa Bari. Na taça o vinho já mostra evolução. O violáceo já desapareceu e é facilmente perceptível a tonalidade alaranjado em seu halo. As lágrimas são grossas, lentas e por toda a taça.
Olfato: Boa expressão aromática, mas sem tanta explosão de fruta, o que também é comum a vinhos com certo grau de evolução. Nas frutas destaque para as frutas negras. Frutas secas também presentes, onde eu consegui perceber amêndoas e nozes. Continuando o exame, percebo também especiarias (pimenta e um sutil toque de canela). Ao final um leve tostado muito bem integrado com o restante. Uma complexidade bastante interessante que me agradou.
Paladar: Intensidade em boca maior que no exame olfato. Aqui o vinho explode em diversos sabores, trazendo toda a complexidade do nariz para o palato agradando muito. Taninos macios, suaves, mas perceptíveis. Boa acidez. Final com uma impressionante persistência. O retrogosto também é super agradável, remetendo a frutas mais maduras e suculentas.
O que a Villa Bari fala sobre seu vinho:
Elaborado com uvas cultivadas em vinhedos modelo, irrigados com águas minerais e com exposição solar ideal.
As uvas são colhidas quando atingem a maturação glucométrica e organoléptica máxima, sendo que uma parte das uvas inicia sua fermentação em pequenos tanques com controle de temperatura, enquanto a outra parte é parcialmente passificada em salas com temperatura e umidade controldas.
Após a fermentação, o vinho descansa em tanques de aço inox e posteriormente na garrafa até a evolução e estabilização completa.
Origina um vinho potente e alcoólico, com aromas de fruta bem madura e especiarias, no paladar, quente e sedoso, com sabor marcante e final de boca persistente.
Descrição: Vinho tinto fino elaborado a partir do corte de duas variedades de uvas viníferas, Merlot, e Cabernet Sauvignon que passaram pelo processo de passitamento das uvas.
Análise Visual: Intenso vermelho rubi com ótimo brilho.
Análise Olfativa: Frutas pretas, ameixa seca, amora, cereja e uva passa. Aroma levemente aveludado típico do passitamento.
Análise Gustativa: Vinho equilibrado, com presença de taninos maduros e acidez perceptível. Leve amargor no final de boca, além da boa intensidade e persistência.
Até o momento desta publicação não existem análises publicadas pela Wine Spectator nem pela Wine Advocate.
O vinho está, sem sombra de dúvidas, entre os melhores vinhos brasileiros que já provei! Fez um sucesso e tanto aqui em casa, agradando também minha esposa e minha filha.
Mais uma sensacional surpresa que o Brasil me proporcionou!
In Vino Veritas!
Gustavo Kauffman
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