La Celia Reserva Syrah 2003

Abri esta garrafa com certa expectativa por ser uma safra já um pouco antiga para este vinho. A primeira impressão me deixou mais preocupado pois a rolha estava ressecada, partindo ao meio enquanto eu a retirava. Não houve outra alternativa a não ser empurrá-la para dentro da garrafa, tamanho o estado de ressecamento. Quando senti o vinho com o nariz pude ficar tranquilo, o vinho parecia estar perfeito! Como tive que empurrar parte da rolha para dentro da garrafa, coloquei o vinho em um decanter e depois para outro decanter, contando com a ajuda de uma peneira para eliminar os restos da rolha.

Como é o primeiro rótulo da Finca La Celia que estamos comentando, vale falar um pouco mais sobre esta vinícola. Foi fundada em 1890, por Eugenio Bustos, que adquiriu algumas terras no Vale do Uco, em Mendoza, Argentina. Sua filha, Celia Bustos, herdou a propriedade e com forte personalidade e liderança, trabalhou as terras transformando-as em belíssimos vinhedos e, é claro, deu seu nome a vinícola. No ano de 2000, a Finca La Celia se tornou a primeira filial estrangeira da Vinha São Pedro do Chile.

Hoje os vinhos da Finca La Celia possuem comprovado êxito internacional, estando presentes em países como Estados Unidos, Reino Unido, Canadá, Irlanda, Brasil, dentre outros.

O Top da linha La Celia é o vinho Supremo que temos na Adega e em breve estaremos comentando. Um corte curioso de 6 uvas! Aqui iremos comentar o Syrah da linha reserva. A linha Reserva traz vinhos com aromas atrativos e complexos. Na boca possuem boa estrutura e largo final. Na argentina a linha traz as uvas tintas Malbec, Syrah, Merlot, Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, Pinot Noir e as brancas Chardonnay e Chardonnay / Viogner. Para o Brasil a Interfood importa com exclusividade as tintas Cabernet Franc, Syrah, Cabernet Sauvignon e Malbec.

Visual: Vinho com nuances de marron. Cor escura e opaca. Poucas e lentas lágrimas.

Aroma: Sou fã desta uva e este vinho, mesmo sendo 2003, estava sensacional. Traz ameixa, um pouco de chocolate e, ao fundo, almíscar amarelo. Aqui devo agradecer a empresa “Sabores do Aroma”, da qual tenho uma caixa de aromas do vinho, que me permitiu identificar o aroma de um almíscar amarelo. Vale a dica para quem, como eu, está começando. Não senti o café, comum a outros Syrah que já provei. Álcool equililbrado.

Paladar: Enche toda a boca com seu sabor. Mostrou-se levemente picante na língua, com taninos e acidez encorpados e em equilíbrio. Conjunto poderia ser um pouco mais encorpado e forte, talvez a idade tenha prejudicado um pouco. Não trouxe retrogosto, mas teve um final agradável e longo.

Harmonização: Degustei esta garrafa com alguns queijos que, confesso, gosto demais! Não foi a melhor harmonização do mundo, mas agradou.

O que diz a vinícola:

Crianza: 80% del vino; roble francês (70%) y americano (30%) durante 12 meses (60% nuevo em ambos casos).

Potencial de guarda: 5 años.

Notas de degustación: De color rojo intenso con reflejos violetas, presenta aromas intensos y expresivos, característicos de la variedad, destacándose frutas rojas y especias, las cuales se encuentran conjugadas sutilmente con la madera. Em boca los taninos resultan suaves y equilibrados y se conbinan amablemente com las dulces notas del roble, produciendo um final elegante y persistente.

Depois de um tempo em taça o vinho abriu muito mais, ficando mais aromático e trazendo aromas de café que eu não havia sentido inicialmente. Foi impressionante como o vinho cresceu! Esta foi a primeira vez que isto aconteceu de forma tão acentuada comigo. Isto mostrou que ele deveria ter permanecido mais tempo no decanter antes de ser bebido.

Vai levar um 4, belíssimo vinho!

 

(GK)