Eu e alguns blogueiros amigos fomos gentilmente convidados pela Expand para degustar alguns vinhos de Bordeaux da Safra de 2009, sim, 2009, vc não leu errado! Rs. Vinhos praticamente recém engarrafados que já estão a venda nas lojas da Expand.
A Safra de 2009 em Bordeaux promete ser uma das mais perfeitas da história. As condições climáticas beiraram o ideal, o que inclui longos períodos de seca durante as fases mais importantes de maturação e colheita das uvas. Essa perfeição, todavia, leva a dois desafios. O primeiro, conforme matéria publicada no site da revista britânica Decanter, a vinificação, ou seja, condição de clima ideal, com alto grau de maturação das uvas, facilmente eleva o grau alcoólico da bebida. São esperados vinhos com até 15% de álcool. Isso demanda cuidados especiais nessa etapa para que o excesso de maturação das uvas não esconda sua acidez e o excesso de álcool não cause problemas na sua fermentação, o que poderia gerar vinhos desequilibrados.
Outro desafio estará nas prateleiras. Historicamente, o anúncio de grandes safras vem acompanhado de altos preços para o consumidor final. Quem não se lembra da chegada ao mercado dos Bordeaux da safra 2005? Em junho de 2008, uma caixa de Château Pétrus 2005, por exemplo, chegou a ser negociada por mais de U$ 67 mil, ou algo como U$ 5,6 mil a garrafa. A alta dos preços da safra 2005 já era prevista desde sua compra en primeur (sistema pelo qual se compra o vinho antes de sua chegada ao mercado).
A diretora da União de Grand Crus, Sylvie Cazes, disse que “a campanha está indo muito bem. A maioria das pessoas está muito feliz e os vinhos estão vendendo rapidamente”. De fato a procura pelos Bordeaux 2009 está tão grande que muitos comerciantes relataram que estão achando difícil atender a demanda. Em Hong Kong, a exportadora Berry Bros contou que seu estoque inteiro de Pontet Canet se esgotou em menos de duas horas!
Imaginem a honra que não foi para todos nós participar desta deliciosa degustação!
O primeiro vinho que degustamos foi o Château Jalousie 2009.
O vinho, que custa R$78,00, possui a Merlot em maior proporção (70%) e completa seu corte com 19% de Cabernet Franc e 11% de Cabernet Sauvignon e é produzido por Jean-Baptiste Audy.
O Château Jalousie possui 53 hectares de solo argiloso-calcário que se situam nos distritos de Galgon e Villegouge, à margem direita do rio Garonne, perto de Libourne e da denominação Fronsac. A propriedade tem estado nas mãos da família desde 1910.
No vinhedo é feita a poda das folhas e de alguns cachos ainda verdes para melhor condição fitosanitária e concentração de sabores e aromas nas uvas. A colheita é feita de maneira manual e mecânica com seleção manual dos bagos para a fermentação.
O vinho mostrou uma coloração maravilhosa, intenso, vivo, mas, como característica de Bordeaux, deixa transpassar luminosidade. Delicado e elegante. Muita fruta e floral ao fundo. Na boca ainda é bastate tânico, surpreendendo pelo seu bom corpo. Depois de um tempo respirando na taça abriu muito, mostrando que tem potencial.
Na sequência fomos para o Château Peyruchet Rouge 2009.
Um corte semelhante com o primeiro vinho, trazendo 70% de Merlot, 15% de Cabernet Sauvignon e 15% de Cabernet Franc. O produtor é o Château Peyruchet. O Peyruchet está sendo vendido a R$75,00.
O Chateau Peyruchet é uma propriedade familiar desde a década de 1920. Hoje em dia é gerida pela família Queyrens que compartilham a mesma paixão pela arte de fazer vinho, sempre utilizando métodos muito tradicionais e respeitando o terroir.
Numa área de 6 hectares de solo argiloso-pedregoso e argiloso-arenoso está nosso vinhedo com média de 25 anos de idade, onde após a plena maturação dos cachos é feita a colheita de modo mecânico.
Vinho também com bela coloração. No nariz trouxe frutas vermelhas e um pouco de cassis. Aroma traz também alguns toques adocicados. Na boca é bem fiel ao olfato, com taninos já mais macios.
Um comentário comum foi que este seria o vinho mais “pronto” do painel e foi também o que mais se abriu depois de um tempo em taça.
O terceiro vinho do painel foi o Château Bel Air Bordeaux Supérieur 2009.
O Bel Air é o vinho mais em conta dos 5 degustados, sendo vendido por R$69,80. Aqui o corte muda um pouco, reduzindo-se a Merlot (50%) e aumentando, de forma proporcional, a participação da Cabernet Sauvignon (25%) e da Cabernet Franc (25%).
Grande nome da vitivinicultura francesa, Jean-Baptiste Audy é conhecido por apresentar ao mercado vinhos de grande qualidade e notável simplicidade. Seus vinhedos são localizados numa das principais regiões da França, Bordeaux, e as uvas colhidas possuem intensa concentração de cor e sabor, dando origem a vinhos elegantes e fáceis de beber.
Os 17 hectares de vinhedos plantados nos solos argilo-calcários do distrito de Nérigean, na margem direita do rio Garonne produzem as uvas para este vinho. A fermentação se deu de forma clássica em lagares de cimento, com maceração longa (25 a 30 dias) e sob temperatura controlada em 19 °.
Aqui eu adorei a expressão aromática. A baunilha e o caramelo se mostraram muito presentes. Muita fruta madura, mais adocicada. Um vinho muito delicado, elegante que se mostrou um belíssimo custo x benefício na minha opinião.
O penúltimo vinho foi o Château Sauman 2009.
Aqui a Merlot é soberana. Em alguns países como, por exemplo, o Chile, poderia até mesmo ser considerado um monovarietal. O corte traz 90% de Merlot e 10% de Cabernet Sauvignon. Tem custo de R$98,00.
Localizado no Villeneuve, o Château Sauman está nas mãos da mesma família há cinco gerações. O "Sauman", como era chamado até o final do século 19, era apenas um lugar de férias para a família. No início da década de 1900, tornou-se uma propriedade voltada ao vinho, com uma exploração comercial pela familia. Desde 1965, a família se perpetua e desenvolve a herança e o trabalho de seus antepassados nos vinhos feitos com paixão e muita qualidade.
Antes do início da vinificação, é feita uma triagem nos cachos buscando somente os mais saudáveis. A vinificação é tradicional, em cubas de concreto com epóxi e termorregulação (cada varietal é vinificado em separado). O envelhecimento dos vinhos é feito em barris de carvalho e tonéis de inox.
Coloração um pouco mais intensa que os demais. Frutas mais suaves, macias e apetitosas. No nariz trouxe mais complexidade. Na boca é suave, com retrogosto que também traz alguns nuances adocicados. Acidez e taninos bem presentes. O vinho vai evoluir muito, mas já pode ser degustado hoje.
Terminamos a degustação com o Château Haut Pommaréde 2009.
O corte, apesar de ter percentual desconhecido, traz quatro cepas. Merlot, Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc e a Malbec que, para quem não sabe, é uma uva originária da região de Bordeaux, apesar de sua fama hoje ser na argentina. O último vinho do painel custa R$148,00.
Em Castres, perto de Bordeaux, o Château Haut Pommaréde e suas vinhas são reconhecidos desde o século XIII pela qualidade dos seus vinhos. Hoje são vinhos muito consumidos na França e no exterior devido a sua qualidade que se mantém a mais de 700 anos.
Colheira manual e triagem nas caves. A vinificação é tradicional, feita em cubas de inox com controle de temperatura. É caracterizado por uma longa maceração que objetiva extrair o máximo de cor, aromas e taninos.
Um vinhaço! O melhor nariz dos cinco vinhos provados. Excelente complexidade trazendo, além das frutas, boa dose de especiaria. Os taninos estão ainda bem presentes o que, para o meu gosto, agradou bastante. Acidez também se mostrou. Um vinho mais maduro, mais complexo que também se mostrou pronto e com bom potencial de envelhecimento.
Foi uma experiência e tanto! Ter a oportunidade de provar uma safra tão comemorada em todo mundo com tanta antecedência foi sensacional e você também pode ter este privilégio. Todos os cinco vinhos do painel estão disponíveis para vendas em todo Brasil nas lojas da Expand.
In Vino Veritas!
Gustavo Kauffman (GK)
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Seu comentário é muito bem vindo!!!