quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Lídio Carraro Coletânea 2009

Apesar de já conhecer a Lídio Carraro há muito tempo, este é o primeiro que comento em detalhes aqui no Enoleigos. Um outro rótulo, o Grand Vindima Merlot 2005, já apareceu por aqui na degustação virtual no Winebar.

O corte é inusitado! Merlot, Tempranillo, Teroldogo, Tannat, Cabernet Franc e, ufa!, Nebbiolo! Isso sem falar que no caso da Merlot eles utilizaram 2 vinhos distintos.

Infelizmente este vinho é difícil de ser encontrado hoje em dia. O grupo “Sociedade da Mesa” fez uma grande compra para seus associados que praticamente esgotou o estoque. Hoje o Coletânea 2009 só pode ser adquirido no varejo da Vinícola em Bento Gonçalves.

Este vinho segue a filosofia “purista” da vinícola. Elaborar vinhos de personalidade única e que traduzam o conceito ‘Vinho Puro’ requer muito conhecimento e sensibilidade. A Lidio Carraro é pioneira no país a implantar uma gestão vitícola e enológica integrada, que se inicia com um meticuloso estudo de clones e mapeamento de solos, rigoroso controle de produção, até o recebimento da uva por gravidade e vinificação de grandes vinhos sem o uso tradicional da madeira. A atenção em cada detalhe do processo de elaboração permite originar vinhos particulares, ricos em complexidade, estrutura e equilíbrio.

Vamos ao que achei deste vinho:

Visual: De cara vemos que foge as demais linhas da Lídio Carraro. Conversando com o Juliano Carraro, Enólogo e Diretor Comercial da Lídio, descobri que a idéia é lançar um rótulo diferente a cada safra, já que o vinho será único a cada ano. Mesmo diferente, é de muito bom gosto, como todo o trabalho gráfico da Lídio também é. A rolha é de cortiça e personalizada para a vinícola. Na taça mostrou uma cor púrpura muito escura, quase opaca, ainda com reflexos violáceos.

Olfato: Elegante, marcando presença nesta primeira análise. Um vinho que passa gulodice, que já no exame olfativo deixa uma vontade danada de partir pro boca! O álcool está perfeitamente integrado e, para outros vinhos da Lídio, está até baixo nos seus 13GL. Frutas negras em compotas em abundância. Um floral também se faz presente. Continuando a análise percebo couro e, mais ao fundo, um sutil toque de especiaria.

Paladar: Um vinho de corpo médio e boa acidez. Taninos ainda bem presentes, um pouco jovens, mas gostosos e integrados ao conjunto. A boca se mostrou um pouco mais magra do que passou o exame olfativo que traz mais intensidade. O vinho é de uma elegância incomum a sua faixa de preço, traz bastante complexidade também em boca, com as especiarias mais evidentes no retrogosto. Final de boa persistência.

O que a Lídio fala sobre seu vinho:

É uma criação única a cada safra, para compor ao longo da história uma coleção de vinhos e rótulos exclusivos.

Esta edição nasceu da união inédita de 7 vinhos. A sinergia encontrada entre duas parcelas distintas de Merlot, harmonizadas com os vinhos Tempranillo, Teroldogo, Cabernet Franc, Tannat e Nebbiolo, expressam um vinho misterioso e inovador. Uma obra ousada e poética, para um vinho cheio de arte e dinamismo.

Apesar do vinho já poder ser bebido imediatamente, me parece que ele vai ganhar bastante com alguns anos em garrafa. Na taça ele vai evoluindo nitidamente, abrindo novas camadas de aromas. Curioso notar que dentre estas novas camadas, aparecem também alguns tostados, uma certa lembrança de madeira, mesmo o vinho não tendo nenhum tipo de passagem por madeira, e olha que isto eu atestei ao vivo! Se tiver a oportunidade de visitar a Lídio Carraro lá em Bento Gonçalves, não deixe de trazer uma garrafa deste vinho!

In Vino Veritas!

Gustavo Kauffman (GK)


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