O Mosteiro de Santa Clara-a-Velha, em Coimbra, um dos ex-libris da cidade, acolheu recentemente as Jornadas Europeias do Patromónio e aproveitou a ocasião para lançar (ou relançar, mais propriamente) o “Vinho Santo”.
O “Vinho Santo” é um vinho com história bem antiga, que se conta em poucas palavras. As terras e o padroado de Sangalhos (Anadia) entraram na posse do Mosteiro por testamento de D. Isabel de Aragão, a Rainha Santa, mulher do rei D. Dinis, falecida em 1336. Seria através dela que o Mosteiro receberia as rendas dos viticultores de Sangalhos, e nomeadamente o vinho “à bica do lagar”. Para além de bebida litúrgica e de mesa, esse vinho tinha uso farmacêutico, sendo incluído na preparação de um “remédio” elaborado pela própria D. Isabel, para o alívio de inúmeras maleitas. Quando a “Rainha Santa” morreu, ao longo dos séculos que se seguiram o Mosteiro continuou a distribuir o vinho medicinal pelas populações locais, que o apelidaram de “Vinho Santo”. A prática e o nome mantiveram-se até ao século XIX, desaparecendo com extinção das ordens religiosas. O mosteiro foi entretanto recuperado pela Secretaria de Estado da Cultura, ao qual está tutelado. Reaberto há dois anos, os seus responsáveis decidiram reatar um conjunto de tradições ligadas ao seu passado secular, entre elas, é claro, o Vinho Santo.
E provavelmente, ninguém seria mais adequado para retomar a tradição deste vinho com “poderes curativos”, do que Francisco Batel Marques, professor catedrático de farmácia da Universidade de Coimbra e produtor de vinho em Anadia, na sua Quinta dos Abibes, integrada nas antigas terras do Mosteiro. É pois de sua lavra o vinho tinto de superior qualidade, denominado Vinho Santo e que é comercializado exclusivamente na loja do Mosteiro, onde pode ser adquirido por 20 euros. Mesmo que não tenha efeitos medicinais comprovados, garantimos que se bebe com muito prazer.
Fonte: Revista de Vinhos
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