Com o verão e as festas de final de ano chegando, nada melhor do que um
belo espumante. Como sabemos o Brasil vem, ano a ano, evoluindo com estes
vinhos.
Hoje falaremos da Don Giovanni e de seu espumante Nature. Qual o motivo
de se chamar “Nature”? Muitos sabem, outros não, sempre é bom recordar. Isto na
verdade é uma classificação diretamente relacionada ao teor residual de açúcar
no espumante. Falei em detalhes sobre isto neste post.
O Nature permite de Zero a 3 gramas de açúcar residual por litro de espumante.
Veremos adiante que o da Don Giovanni pozzui zero.
Distante 12 km do centro de Bento Gonçalves, no distrito de Pinto
Bandeira, em altitude de 720m, a “granja” Don Giovanni, como é chamada pelos
seus proprietários, tem uma história de elaboração de vinhos de mais de
40 anos. Antes de ser adquirida pelo casal Ayrton Giovannini e Beatriz Dreher
Giovannini, a propriedade pertencia à Dreher S.A., indústria de bebidas
estabelecida na região em meados do Século XX, e que pertencia aos avós
paternos de Beatriz. A Dreher deixou fortes influências na história econômica e
social do município de Bento Gonçalves.
Hoje a quarta geração da Família se dedica a produção de bebidas de
alta qualidade. Prova que, por trás da marca Don Giovanni, existe tradição e
conhecimento na elaboração de vinhos.
Atualmente, o “terror” da região de vinhos de montanha de Pinto
Bandeira está certificado com a Indicação de Procedência de Pinto Bandeira.
Para tal, estudos foram realizados pela Embrapa Uva e Vinho e a Universidade de
Caxias do Sul (RS) afim de revelar as especificidades técnicas de solo,
geologia, clima e relevo. Todas as vinícolas estão localizadas em meio a uma
paisagem de topo de montanha, com mata nativa, parreirais se uvas viníferas e
edificações construídas na época da Colonização Italiana.
Vamos ao que achei deste espumante:
Visual: Garrafa tradicional com elegante e moderno rótulo já indicando
que o espumante permaneceu 24 meses em contato com as leveduras, o que lhe
atribui mais complexidade. A Don Giovanni ainda possui um espumante que
permanece 36 meses (Série Ouro Brut) e outro com 48 meses (Dona Bita Brut). Na
taça o vinho estava jovem, limpo, uma coloração palha bem claro. O espumante
não é safrado, mas pela coloração é de uma safra ou safras mais recentes. O
perlage é bem fino e intenso, com boa formação de espuma.
Olfato: Primeira impressão é complexidade e jovialidade. Um vinho que
mostra potencial gastronômico, sem perder uma cara jovial e refrescante como,
por exemplo, beira de piscina. Frutas brancas (abacaxi, melão), um toque de
lima da pérsia, agregados com aquele delicioso toque de brioche levemente amanteigado.
Paladar: Mesma primeira impressão do exame olfativo. Refrescante, bom
volume, cremoso, boa acidez e estrutura, se mostrando um espumante versátil. Vai
muito bem com entradas mas com certeza também encara um salmão mais gorduroso.
O seu final mostra mais o lado cítrico e alguma mineralidade.
O que a vinícola fala sobre seu espumante:
Graduação alcoólica: 13% Vol.
Uvas: As uvas que compõem o vinho base são Chardonnay (60%) e Pinot
Noir (40%), ambas cultivadas em vinhedos próprios na localidade de Pinto
Bandeira pelo sistema de condução em Espaldeira com uma produção média de 2, 8
kg /planta. Os Vinhedos estão situados a altitude superior a 620 m, originando
uvas de pronunciada frescura e acidez, condição excelente para elaboração de "vinho
base". As uvas foram colhidas nas primeiras horas do dia, evitando as
horas quentes, preservando assim os aromas típicos de cada variedade.
Vinificação: Ambas as variedades foram vinificadas separadamente mediante
a adição de leveduras e sob rigoroso controle de temperatura. O Pinot Noir que
é uma cepa tinta foi vinificado sem contato com as partes sólidas, originando
dessa forma um vinho branco que após foi mesclado junto ao vinho chardonnay
compondo assim o assemblage que denominamos de vinho base. Para esse espumante
especial foi usado somente o mosto flor extraído de cada variedade em separado.
Esse espumante é elaborado pelo processo champenoise onde são adicionadas
leveduras selecionadas e a champanhização que leva em média 3 meses, foi
realizado em câmaras com temperatura de 12ºC conferindo dessa forma excelente
perlage. O envelhecimento onde acontece a autólise se deu em caves climatizadas
a 16ºC. O diferencial desse produto é que não adicionamos licor de e expedição
no processo de degourge sendo assim classificado como Nature, seja, um
espumante obtido pelo processo champenoise onde não foi adicionado nem um tipo
de Liqueur de Dosage, foi completado com o próprio espumante apresentando assim
menos de uma grama/litro de açúcar.
Notas de degustação: De coloração amarelo palha com nuances douradas e
excelente brilho. No olfato é complexo, expressando aromas de envelhecimento
como torrefação, mel e toques de frutado com notas de frutas cítricas como
abacaxi, maçã, melão e traços de pão tostado, mel, abacaxi maduro e bombom. No
paladar apresenta grande volume de boca, refrescante, acidez marcante, realce
dos gostos cítricos que se apresentam harmonizados com as notas de
envelhecimento. Apresenta um final de boca muito agradável e grande cremosidade
que aliado ao frescor torna-o muito elegante e atraente.
O vinho eu comprei na loja Sommelier Vinhos em Porto Alegre que, por
sinal, recomendo a visita. Na ocasião paguei R$45,00 em uma promoção. O preço
do vinho hoje está em R$55,00 e, acredite, ele vale mais!
In Vino Veritas!
Gustavo Kauffman (GK)
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