quarta-feira, 21 de março de 2012

Salvaguarda para o Vinho Brasileiro? Como assim???




Pois é meus amigos, muitos de vocês já devem ter ouvido falar sobre este assunto. Demorei um pouco para escrever sobre o mesmo pois queria estudar melhor o que realmente está acontecendo para poder emitir minha opinião com mais embasamento.

Explicando o Estudo de Salvaguarda

Importante começar sobre o que exatamente está acontecendo. No ano passado, o Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), a União Brasileira de Vitivinicultura (Uvibra), a Federação das Cooperativas do Vinho (Fecovinho) e o Sindicato da Indústria do Vinho do Estado do Rio Grande do Sul (Sindivinho) protocolaram petição para abertura da investigação para aplicação de salvaguarda às importações brasileiras de vinhos.

Desde 1995 esta será a quarta investigação de salvaguarda conduzida Departamento de Defesa Comercial (Decom) da Secex.

O que é uma Salvaguarda? Por definição, Salvaguarda, quando aplicada, tem por objetivo proteger um setor que esteja sofrendo prejuízo grave ou ameaça de prejuízo grave decorrente do aumento das importações, por meio de aumento do imposto de importação ou de restrição quantitativa. O setor, então, implementa um programa de ajuste para voltar a concorrer normalmente com as importações ao final do período estabelecido pela medida.
No momento o que está acontecendo é um estudo para verificar se a Salvaguarda deve ou não ser implementada no setor de Vinho.

Com o início do processo, as entidades do setor têm 40 dias para apresentar provas que comprovem – ou não – a necessidade de proteger o vinho brasileiro com medidas governamentais contra os importados. Vale lembrar que até agora o governo brasileiro só concedeu salvaguarda para um único produto, o coco ralado.

No pedido de salvaguardas, as vinícolas alegam que a participação dos importados no consumo doméstico de vinhos finos cresceu de 67,1% para 78,7% de 2006 a 2010, estimulada pela redução da demanda nos países desenvolvidos e pela entrada, em alguns casos, de produtos com preços similares aos custos de produção no Brasil. Em 2011, a fatia chegou a 78,8% do mercado, que totalizou 92,2 milhões de litros, conforme a União Brasileira de Vitivinicultura (Uvibra), uma das signatárias do pedido ao Mdic.

Caso o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic) decida impor salvaguardas contra vinhos finos importados, as vinícolas brasileiras se comprometem a ampliar e desconcentrar a produção de uvas viníferas no país, reduzir custos e melhorar a qualidade da bebida nacional. Só na implantação de 3 mil hectares de novos parreirais os aportes chegarão a R$ 219 milhões em oito anos, além de R$ 40 milhões em um programa de marketing para estimular o consumo do vinho nacional.

Meus Comentários

Fico impressionado como muitas vezes o governo Brasileiro continua com esta mentalidade do século passado ao cogitar este tipo de ação.

O Ibravin comenta que a Salvaguarda será apenas por um período no qual o Governo irá investir na melhoria do setor de produção de Vinhos Finos Brasileiros, ou seja, vinhos produzidos com Vitis Vinifera.

O que realmente não consigo entender é o que a Salvaguarda tem com o investimento para melhorar o setor. Porque, por exemplo, ao invés de tentar limitar o número de rótulos de vinhos importados que entram no país e aumentar o imposto dos vinhos importados, o governo não procura reduzir os impostos dos vinhos nacionais, acabar com a Substituição Tributária e criar linhas de crédito específicas para a produção de vinho? Se o objetivo é aumentar o espaço do vinho Brasileiro precisamos melhorar nossa qualidade, aumentar o número de vinhedos, ter mais massa crítica e menos impostos, isso sim!

Será que o governo realmente acha que em 3 ou 5 anos de Salvaguarda nós conseguiremos melhorar a qualidade do vinho Brasileiro? Será?? Queridos leitores, este tempo é praticamente nulo quando estamos falando sobre produção de vinhos! Quem nunca ouviu a célebre frase do Château Mouton Rothschild: “Produzir vinho é relativamente simples, apenas os primeiros 200 anos são difíceis”.

Tenho convicção que esta tal Salvaguarda irá diminuir drasticamente o consumo de vinhos finos no Brasil. Todos sabem que sou um fã convicto de nossos vinhos, estou sempre escrevendo sobre os mesmos, realizando degustações, visitando produtores. Como eu, diversos outros amigos blogueiros que evitarei citar com receio de esquecer de alguém. Mas o fato, infelizmente, é que o Vinho Brasileiro ainda não é bem visto pela população de um modo geral. Estamos engatinhando ainda, temos muito, mas muito o que aprender e evoluir. Se a opção for beber um Brasileiro de R$30,00 ou um Chileno de R$60,00 sabem o que irá acontecer? Fatalmente iremos retroceder e voltar a boa e refrescante cerveja, ou para a saborosa caipirinha. Imaginem então as Cervejas Artesanais hoje em franca expansão.

Amigos, a Indústria Cervejeira deve estar rindo a toa com esta total desunião do segmento vinícola!

Precisamos de massa crítica, precisamos aumentar INCONDICIONALMENTE o consumo do vinho em nosso país. Não interessa, neste momento, se o vinho é nacional ou não. O Ibravin faz excelentes trabalhos de divulgação como o Projeto Imagem, que tive o prazer de participar no ano passado, e o Projeto Comprador. Estamos no caminho certo!!! Diversos especialistas vem se convencendo que a qualidade do Vinho Brasileiro está crescendo a passos largos e impressionando a crítica de todo mundo. Vejam os espumantes da Geisse com a Jacis Robinson. Ou o crescimento das vendas para a Europa que o projeto “Wines of Brasil” tem alcançado.

Como apaixonado pelo vinho, e defensor convicto do Vinho Brasileiro, sou RADICALMENTE CONTRA a Salvaguarda por ter certeza absoluta que isto será absurdamente danoso ao mercado de vinho em nosso país.

Em breve mais notícias sobre esta polêmica!

In Vino Veritas!

Gustavo Kauffman (GK)

5 comentários:

  1. Concordo 100%, acredito que não podemos só culpar o governo brasileiro, mas também as nossas vinícolas, que em minha opinião possuem administrações obsoletas, elas deveriam investir em executivos mais capacitados,assim buscarem seu lugar com competência e não com protecionismo. Não estou dizendo que nosso vinho é ruim, mas nossas vinícolas são pouco profissionalizadas!

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    1. Também concordo com você amigo Silas! Negócios devem ser tocados por profissionais do ramo. Vamos deixar o amor, a paixão e o cuidado com a família, mas precisamos de profissionais, com sangue frio, para direcionar melhor o setor!

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  2. A mesma opinião tenho eu, já disse em postagem que aqui no Brasil, o IPI dos carros importados aumentou, para os preços dos nacionais "parececem" mais atrativos, mas em nada adianta, pois se há diferenças de preços, logo a indústria nacional os faz chegar bem perto dos importados de novo, aumentando tudo, e pedindo novas medidas, que o governo de bom grado assume, pois arrecada cada vez mais....É o mesmo com os vinhos

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  3. O que nós, consumidores, podemos fazer para tentar barrar essa medida? Abaixo-assinado? Petição?
    Gostaria muito de fazer algo...

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  4. Hoje entrei em uma loja especializada e me interessei por um cabernet Sauvignon da Casa Valduga, 2008.
    Infelizmente o preço erra abusivo, 78,00 reais.
    Não comprei e nem vou comprar vinhos nacionais com qualidade e preço tão distantes.
    Por 68,00 reais comprei um Catena Malbec 2009.
    Vamos baixar o preço e melhorar a qualidade dos nossos vinhos.

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