quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Descoberta nova variedade de Tempranillo em La Rioja



Atualmente o mundo da vinha e do vinho está tão regulado e controlado que parece não haver espaço para surpresas porém a excepção confirma a regra e numa região onde se produz vinho há vários séculos, como o é a Rioja, há surpresas.

Os investigadores Fernando Martinez de Toda e Pedro Balda descobriram uma estirpe até agora desconhecida da casta Tempranillo, batizado de Tempranillo Royo ou Gris, tendo também comprovado o seu elevado potencial para a produção de vinhos brancos.

O achado faz parte de um projeto de longo curso, que visa preservar as variedades de uvas ameaçadas de extinção pela ditadura da produtividade mundial

"Cada vez há menos vinhas velhas, pois não são rentáveis, sendo substutídas por vinha nova com plantas de viveveiro", explica Fernando Martinez, Professor de Viticultura e autor da descoberta conjuntamente com Pedro Balda.

Há alguns anos Martinez e Juan Carlos Sancha – também ele investigador – iniciaram um programa de recolha de todo o material desconhecido e, por isso mesmo não catalogado, que foi aparecendo em vinhas velhas da região riojana. Uma espécie de “sótão genético” onde foram armazenado plantas seculares com o objectivo de aquilatar a possibilidade da sua reutilização.

Há vinte anos atrás, ninguém se interessava por esta matéria e corria a palavra que em Espanha já haveria poucas castas autóctones. Atualmente já existem vários projectos semelhantes noutras regiões espanholas.

Os cúmplices nesta iniciativa foram os próprios viticultores, que alertavam os investigadores sempre que, nos seus vinhedos mais antigos, se deparavam com uvas muito diferentes cujo nome mal se recordam de o ouvir dizer aos avós, ou até completamente desconhecidas.

Reuniram-se assim, mais de 70 amostras de 40 variedades e iniciou-se o estudo com o objectivo de averiguar se eram mutações desconhecidas ou de castas caídas em desuso ou até já estarem catalogadas noutras regiões.

Entre 2000 e 2005, os investigadores foram financiados pelo Conselho Regulador da D.O para se concentrarem nas castas com melhores resultados e que superaram as previsões. Desta forma o Tempranillo Blanco, o Turruntés, a Maturana Blanca e Tinta tiveram autorização do Conselho o que foi considerada uma acção sem precedentes para variedades vindas da investigação.

Nos anos seguintes o trabalho científico continuou e acabou por dar se traduzir na identificação da casta Tempranillo Royo. Trata-se de uma mutação localizada num vinhedo da região de Badarán e não havia notícia da sua existência nem do seu cultivo. Trata-se, dizem os investigadores, de uma mutação genética que também sucede na Garnacha e na Pinot e que se traduz na alteração da cor da película da uva a qual se torna cinzenta.

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